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ONG 4 Patas com administradores doentes passa por muitas dificuldades

A ONG 4 Patas, que é administrada pelos proprietários Luciana e Joelson, está passando por sérias dificuldades. Lú, como é mais conhecida, já esteve hospitalizada com suspeita de leptospirose e Joelson está internado no hospital Conceição com sua saúde abalada, inclusive com diabetes.
Com todos esses problemas, mais a questão da alimentação dos 400 animais cuidados por aquela ONG é fácil imaginar o quanto ambos têm que se desdobrar para administrar, não apenas a vida dos animais, mas o seu próprio dia a dia como seres humanos.
A bióloga capixaba Dailiany Orechio, na ausência dos proprietários da ONG está administrando o “lar canino”, mas na realidade sua atividade naquela ONG é apenas como voluntária, trabalho que exerce há quatro anos com muita dedicação.
É ela quem conversa com a reportagem na primeira de uma série de duas, falando sobre a doença dos tutores e sobre o dia a dia da ONG.

INTERNADOS
“O Joelson, mais conhecido como Cabeça, têm várias doenças crônicas, a mais grave é o diabetes e não é a primeira vez que é internado para ser operado. Ele já amputou 3 dedos do pé, já teve 2 infartos, só 20% do coração que funciona, tem problema vascular e dessa vez internou no Hospital Conceição em Porto Alegre para amputar o dedão do pé e fazer um novo cateterismo na perna. Já está lá há mais de duas semanas só esperando os procedimentos”.


Enquanto estava internado – prossegue Day – a Luciane (Lú) começou a apresentar sintomas de fraqueza, muita dor muscular e nas articulações, perda de apetite, enjôo, mas achou que fosse algo decorrente da sobrecarga de trabalho cuidando dos 400 cães da ONG. Após 5 dias teve que ser hospitalizada com uma infecção grave. Ela passou uma noite no hospital, mas pediu para fazer o tratamento em casa, pois não poderia deixar os cães sozinhos por muito tempo. Foram dias difíceis que se seguiram. Cuidar dos cães estando doente é ainda mais desafiador, pois muitos destes animais estão em tratamento, são idosos, deficientes, demandam cuidados o tempo todo. E quem sabe exatamente o que cada um precisa é só ela. Além dessa infecção, a Lú descobriu recentemente por meio de ressonância magnética, que tem quatro hérnias de disco na coluna, o que lhe traz dores horríveis”, explica Dailiany Orechio, que é quem gerencia as redes sociais e demais projetos como apadrinhamento, Selo Empresa Amiga dos Animais.

CUIDADOS DOS ANIMAIS
Com a notícia dos dois doentes, o que mais perguntaram para Day foi: “quem está cuidando dos cães da ONG?”. Há quase um ano a ONG mantém dois funcionários durante a semana para fazer parte da limpeza e alimentação dos cães, pois faz tempo que é humanamente impossível somente a Lú e o “Cabeça” (Joelson) darem conta de todo o trabalho, cuidar do brechó e resgatar cães doentes e abandonados na cidade. “O maior desafio foi aos finais de semana, mas a família está dando um apoio constante e também voluntários. Eu sou voluntária há 4 anos, desde que me mudei do ES para o RS e conheci o trabalho da Lú por meio do brechó, vi que ela não tinha redes sociais da ONG, usava somente o Facebook pessoal e me ofereci para ajudar online. Demorei 3 meses para ir na ONG, e nesse tempo senti vergonha de quantos cães eles já teriam resgatado e eu poderia ter ajudado de alguma forma. Desde então criamos o Instagram (@sitio4patas), TikTok (@sitio4patas_), Projeto de Apadrinhamento, Selo Empresa Amiga dos Animais, Troco Solidário, Site, etc. Minha atuação é mais online principalmente porque moro longe, na divisa com Rolante”, justifica a jovem.

PROLIFERAÇÃO
Day entende que cuidar de 2 ou 3 cães, para quem cuida bem, já é muito trabalhoso, são vidas que não precisam só de água e comida, precisam de limpeza, atenção, amor, cuidados veterinários. “Então multipliquem isso por 400, é muito trabalho. Mas existe um motivo para esse número tão alto, várias causas, a primeira delas foi a completa ausência de castração social no município até 2022, isso aumenta as crias, uma cadela pode ter até 15 filhotes por ano, imagina os filhotes dela tendo mais 15 e assim sucessivamente. Não temos em Santo Antônio resgate pelo canil municipal, apesar de existir e ter uma lei que afirma ser responsabilidade do município o resgate de animais (cães, gatos, cavalos) abandonados ou decorrentes de maus-tratos, bem como a castração e encaminhamento para adoção. Então, na falta do poder público, a Lú e o Cabeça têm assumido essa responsabilidade há 15 anos, sendo os únicos que resgatam, por dia eles recebem dezenas de pedidos, dos mais graves aos mais absurdos, inclusive do município de Caraá, que também não faz resgates pela prefeitura. Os animais resgatados de maus-tratos por meio de denúncias da Polícia Civil e Brigada Militar são todos encaminhados para ONG. Em apenas uma ocorrência a Lú já resgatou 15 animais de vez, gatos engaiolados e cães esqueléticos. E com esse pensamento de “se a ONG não resgatar, ninguém vai”, os pedidos da população, o descaso da população e poucas adoções, a ONG chegou nesse número insustentável. Já aconteceu inúmeras vezes de pessoas irem pedir ajuda na prefeitura e funcionários passarem o contato da ONG escrito num papel. A ONG se transformou numa referência de duas cidades: Santo Antônio e Caraá como a salvação da causa animal, quando na verdade é só enxugar gelo”, desabafa a bióloga entrevistada pela FOLHA.
Na próxima edição falaremos sobre o apoio dos poderes públicos e também sobre a forma de contribuir para que a ONG continue funcionando.

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