Novidades e retomada de projetos são destaques na comemoração de 24 anos do Clube Literário de Gravataí

Instituição voltou a realizar saraus em espaços públicos e organiza os lançamentos de diversos livros

Priscila Milán

A segunda-feira (13/6) foi de comemoração para o Clube Literário de Gravataí, que completou 24 anos e recebeu uma homenagem da Secretaria Municipal da Cultura, Esportes e Lazer (SMCEL) pelo aniversário. Nessas quase duas décadas e meia de história, a instituição incentivou a leitura, ajudou a divulgar o trabalho de escritores locais, fomentou o setor cultural e desenvolveu ações em prol da cidadania. E tudo isso vai continuar como parte da sua missão, conforme os integrantes. A atual presidente, Angela Maria Xavier Freitas, revela que a intenção é agregar cada vez mais pessoas, mas sempre preservando e respeitando a trajetória do grupo, comprometido com as artes desde a sua fundação. Para retomar a proximidade com os gravataienses, o clube voltou a promover saraus em espaços públicos e tem realizado atividades em parceria com a Associação dos Usuários do CAPS AD (Assuscaps), Feira de Rua e SMCEL, entre outros locais. O próximo sarau está marcado para 30 de junho, às 18h30, na Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato (Rua Coronel Fonseca, 936). A edição terá como tema o amor e vai contar com diversas atrações, como performance artística de Pablo Wulff, apresentação do violinista Mateus Felipe e algumas surpresas.

A presidente do Clube Literário de Gravataí destaca que outra novidade é a integração dos escritores com membros do movimento hip hop, que compõem uma nova geração do grupo. DJ Gordex, DKG Dekilograma, Jovem Serafim, Netto, DShock, Gerpes Jeison são alguns dos nomes que trouxeram sua contribuição para a turma de artistas. A instituição também aposta na colaboração entre os segmentos culturais. Com artistas visuais, por exemplo, e parceria do ColetiveArts, realizaram, em abril, um encontro alusivo ao centenário da Semana de Arte Moderna. Há uma grande cooperação com o Clube Literário de Cachoeirinha, igualmente engajado em ações para dar visibilidade aos artistas da região.

Recentemente, a instituição de Gravataí teve três projetos aprovados em edital municipal. Com isso, tem garantido a realização de saraus pela cidade; abordagem de obras de autores locais e contações de histórias nas escolas com a professora e escritora Ester Poli; e eventos nos núcleos esportivos da SMCEL. Além disso, vários integrantes estão com trabalhos novos. Borges Netto aguarda a realização da Feira do Livro para lançar oficialmente três títulos, A Gata Carmelita e outras histórias de gatos, Uma noite acampados e outros momentos com Alice e o Homem do Livro. Planeja ainda a publicação de um romance (As desventuras de Apolo) e um livro de crônicas de viagens. Já os autores Círio de Melo e Serginho lançam, em breve, A Magia de Plantar e Fragmentos Poéticos, respectivamente.

Engajamento de uma professora

À frente do Clube Literário de Gravataí desde outubro do ano passado, Angela encontra na rotina como professora muitas inspirações para o trabalho de escritora. Ela é graduada em Letras com especialização em História e Cultura Afro-brasileira e Etnologia Indígena. Foi justamente o questionamento de uma estudante que a motivou a pesquisar uma parte até então pouco destacada da Revolução Farroupilha: a história dos Lanceiros Negros. Um dos primeiros resultados do estudo foi uma esquete apresentada no Festival de Teatro Estudantil (Festil) de 2018. Ela dirigiu a atuação de alunos da EMEF Rui Ramos, que conquistou o prêmio Desconstrução da História Oficial. Em 2019, estreou como escritora com O Lanceirinho Negro. O livro, que traz ilustrações de Daniel Silveira, tem sido um sucesso, rendendo à autora convites de várias cidades gaúchas para falar sobre a temática. No ano passado, a educadora teve o projeto Protagonismo Negro na construção da História do Rio Grande do Sul contemplado em concurso da Fundação Marcopolo. A partir disso, publicações foram distribuídas em 25 escolas de Gravataí, Porto Alegre e Glorinha, além da sua apresentação online ou participação em eventos nas instituições de ensino.

Com a excelente receptividade do público, a primeira obra literária de Angela teve continuação. Em 2020, lançou O Lanceirinho Negro: Herança de Porongos, ilustrado por Waldemar Max. Em sua terceira publicação, a autora quis abordar a cultura indígena. Jerá Poty fala sobre a etnia guarani e reúne ilustrações de Samara Kolhrausch. O nome da obra, que significa germinar, foi sugestão do escritor Yaguarê Yamã. A escritora participa da coletânea 50 Textos do Cinquentenário do 20 de Novembro, publicada pelo Instituto Estadual do Livro (IEL), e logo estreia como poetisa, com a apresentação da obra Tornando-se. Ela também vai publicar, em breve, o romance O espelho de Inajara.

Aos artistas, os seus aplausos

“Traga a sua poesia, sua música e, principalmente, o seu aplauso.” É desta forma que o Clube Literário de Cachoeirinha convida a comunidade a participar do sarau, normalmente realizado no último sábado do mês, a partir das 20h, no Art’s Bistrô (Avenida Flores da Cunha, 340). Segundo a presidente da instituição, Jacques Vargas, a retomada dos encontros (atividades presenciais foram suspensas durante grande parte da pandemia) tem contado com excelente participação. Há eventos que reúnem em torno de 50 pessoas. É tradição para o clube, que tem 22 anos de história, levar arte até as pessoas, por isso, sempre que possível, também são realizadas ações em espaços públicos, escolas, asilos, entre outros locais. Além disso, os integrantes desenvolvem campanhas beneficentes, como a arrecadação de agasalhos.

Jacques salienta que os eventos oportunizam a integração das áreas culturais e de gerações. Em seu ponto de vista, é essa mescla de estilos que torna o sarau um espetáculo único. “Acontecem coisas mágicas. Eu fico até emocionada”, comenta ao explicar que o palco é vitrine tanto para artistas consagrados como para novatos.

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