Brasil: o país passional e polarizado

Por Lucas Loeblein, diretor de comunicações.

O Brasil é, historicamente, um país passional, como bem diz Leandro Karnal em seu livro: “Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia”. Nesse sentido, há que se esclarecer, como fez o autor da obra, que o brasileiro age, em grande parte, movido pela emoção.

Estamos, como fato público, em ano eleitoral. Período em que, por si só, a população opta pela dicotomia. Tem sido assim desde as primeiras eleições – e não somente aqui na terra dos tupiniquins. Cito como exemplos internacionais: França, Alemanha, Estados Unidos, Argentina e Inglaterra.

Ocorre que, no cenário atual, a polarização atingiu tal patamar que estamos diante de quadros de grave violência verbal, física e frequentes ataques aos adversários. O nível de acirramento é tão alto, que, todos os dias, deparamo-nos com notícias que demonstram a ocorrência de ataques de bolsonaristas a lulistas e lulistas a bolsonaristas.

Nossa nação, conhecido pela festa de seus carnavais e receptividade, tem se mostrado, diariamente, um país condenado ao acirramento social. Nesse espectro, arrisco dizer: o cenário pós-eleição que nos aguarda será muito pior ao cenário pós-reeleição de Dilma, em 2014.

Na época, o país dividido entre a candidata petista e o tucano (Aécio Neves), saiu do pleito ainda mais fracionado que antes. O resultado: frequentes protestos, descontentamento da população, embates ferrenhos nas ruas e, por fim: impeachment.

Neste pleito, em que temos como principais postulantes ao Palácio do Planalto o atual Presidente Jair Bolsonaro e o ex-Presidente Lula, dois líderes com ampla representatividade política e social, cujos feitos são amplos, sejam eles positivos ou negativos, nossa nação se deparará, ao final, com uma segmentação ampla. Nunca antes as instituições se viram tão pressionadas para manter a democracia pujante como agora e como se virá no futuro próximo.

O Brasil corre, sim, o risco de uma insurreição. O movimento que ocorreu nos Estados Unidos, maior democracia do mundo, quando o então Presidente Donald Trump não venceu as eleições que poderiam lhe conceder mais 4 anos na Casa Branca, que resultou na invasão do poder Legislativo Americano, pode vir a ser realidade no Brasil. É cotidiano, para quem circula no meio político ou para quem tem amplo contato com o público, que há um aceno radical neste sentido.

Não podemos deixar o Brasil sair desta eleição pior que entrou. Os candidatos devem sinalizar o fortalecimento da democracia. Não o acirramento dos ânimos. Já que, ao fim de tudo, quando o diálogo não for mais capaz de solucionar os conflitos dessa dicotomia, é sempre importante lembrar que a República, com lastro na Constituição, possui mecanismos de defesa para ações cujo objetivo seja o enfraquecimento da democracia e das instituições.

Torçamos, todos, que esses mecanismos não tenham de ser utilizados, já que, se isso ocorrer, provavelmente não será bom para ninguém.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Publicidade