Em tom moderado, prefeito concedeu entrevista ao blogueiro Chico Pereira, dizendo que segue com o secretariado e que o projeto para a cidade é o mais importante.
Antes de embarcar para uma viagem oficial de dez dias a Portugal, à Ilha do Faial, Arquipélago dos Açores, nesta quinta-feira (11/5), o prefeito Luiz Zaffalon concedeu entrevista ao blogueiro Chico Pereira, gravada na última terça-feira (9/5). Diferentemente do tom áspero e catastrófico que vinha marcando o noticiário político da aldeia dos últimos dias, Zaffalon conversou em um tom cordial e apaziguador. Reforçou, no entanto, sua disposição de ser candidato à reeleição, o que o levou a deixar o MDB, partido ao qual estava vinculado há mais de 40 anos, entre serviços prestados e filiação – e pelo qual ocupou importantes cargos públicos, como diretor presidente da Corsan. Garantiu que manterá o secretariado, mas fez ressalvas quanto ao engajamento político de colaboradores.
Segundo Zaffalon, a saída do MDB – do qual já foi presidente – seria condição essencial para viabilizar a sua candidatura já que, segundo ele, o partido teria dado a indicação de que o ex-prefeito Marco Alba seria o candidato à sua sucessão – ainda que Marco Alba, em momento algum, tenha se manifestado a respeito. Publicamente, não diz que sim nem que não. O processo foi deflagrado, para o grande público ao menos, pelo próprio prefeito. Zaffalon reiterou que sua decisão ampara-se, especialmente, em pesquisa que aponta a boa avaliação do governo, próxima de 90% – mesmo patamar de quando Marco Alba deixou a Prefeitura; logo, manteve desempenho similar.
Zaffalon negou que tenha havido qualquer desentendimento pessoal com o ex-prefeito ou com a deputada Patrícia Alba. Adiantou ainda que, em uma eventual disputa, poderia ter o atual vice, dr. Levi Melo, novamente como companheiro de chapa e de que esse não aceitaria ser vice em uma provável composição com Marco. Atualmente, Zaffa e Levi seguem sem partido. A seguir, confira os principais trechos da entrevista:
REELEIÇÃO
– Concorrer à reeleição é natural para um prefeito que, hoje, de cada dez gravataienses, nove apoiam as nossas ações, o nosso governo. Isso então é absolutamente natural. Eu ainda tenho mais de um ano e meio até a eleição, evidente que eu sou (pré) candidato, tenho a intenção de me reeleger. (…) Tem um monte de pessoas que me apoiam, que gostam do meu trabalho. (…) Tem um grupo muito bom que trabalha comigo, secretários brilhantes. Se Gravataí quiser isso lá na frente… eu tenho 89,7% de aprovação de governo. Se chegar no início do ano que vem com essa popularidade toda, evidente que vou atender aos pedidos e ser candidato à reeleição.
RELAÇÃO COM O MDB
– O MDB, de uma forma legítima, e eu não contesto isso, já tem candidato. O presidente do partido (vereador Alan Vieira) e o presidente da Câmara (Alison Silva), que são dois vereadores que sempre estiveram na base do governo, dois vereadores importantes da cidade, me disseram claramente que o candidato pelo MDB em 24 já está definido. Estando ele definido, apenas o que eu fiz foi um movimento de buscar outra posição. Vá que eu queira concorrer a prefeito! Vai que o meu grupo entenda, pessoas que me acompanham, os meus secretários, ou a população, e o mais importante é a população, entendam que eu deva ser candidato?! Se eu ficar no MDB, tenho a absoluta certeza de que não serei (candidato). Já me disseram que eu não serei.
“RESPEITO PELO MARCO”
– Nós não brigamos com ninguém. Ah, tu brigou com o Marco. Não, capaz. Eu tenho o maior respeito pelo Marco, e o Marco tem o direito de ser candidato. (…) ele já foi prefeito duas vezes. teve o privilégio de o partido lhe dar condição de reeleição. (…) Fez um grande mandato. Fez uma grande eleição agora para deputado federal. Não se elegeu, mas aqui em Gravataí fez uma grande eleição e tem todo o direito. Se o partido definiu que é ele o candidato à reeleição, eu só tenho um movimento a fazer…
NOVO PARTIDO
– Tem vários partidos. Quase todos os partidos já me ofereceram. De centro para a direita (posicionamento ideológico). Eu nunca fui de esquerda, sempre fui de direita, um liberal. Fiz reformas liberais aqui na prefeitura. Sempre apoiei candidatos liberais. (…) Então, o partido que eu escolher deverá ter essa característica.
“FUI CANDIDATO PORQUE O MARCO QUIS”
– O Marco tem o partido na mão em Gravataí há 30 anos. É evidente que ele tem todo o diretório do partido com ele. Não me queixo disso. Eu fui candidato porque ele quis que eu fosse. O Marco foi lá em casa, porque eu tinha saído do governo. Tinha me desentendido com ele. Saí em 2018, e pedaço de 2019 estive fora do governo. (…) Nunca falei mal do governo, porque o projeto também é nosso. (…) Um ano e pouco depois (de 2019), o Marco foi lá e me convidou. Voltei pro governo. E aí ele disse assim: olha, tu tem que ser o candidato a prefeito. Ele disse, porque ele tem esse domínio no partido. É natural. Ele trabalhou para manter esse partido vivo durante 20, 30 anos.
“NUNCA BRIGAMOS!
– De jeito nenhum. Nem vou brigar (com Marco Alba), não tem motivo nenhum. O projeto para Gravataí é muito maior. (sobre possível entendimento com o ex-prefeito Marco) … não descarto essa possibilidade. Para a esquerda eu não vou. (…) O que tenho que escolher agora é o que fica melhor para o grupo como um todo.
LEVI, DE NOVO, CANDIDATO A VICE
– O que eu tenho dito para os partidos é que o Levi é um grande quadro. O Levi, sozinho, é maior do que muitos partidos. Ele tem mais votos do que muitos partidos em Gravataí. É um cidadão acima de qualquer suspeita, um médico consagrado, uma pessoa de bem, que cumpre compromissos. (…) Vou dar um exemplo, e isso é raro na política. Ele se comprometeu, lá atrás, a apoiar o Marco e a Patrícia na última eleição, mesmo estando no Republicanos, que tinha candidatos a federal e a estadual. Foi pra rua, subiu em caminhão de som comigo. Andamos pela cidade toda, eu e o Levi, apoiando, conforme combinado, o Marco e a Patrícia. (…) Tenho ouvido dele que, se não for meu vice, ele concorre (a prefeito).
APOIO DOS VEREADORES DO MDB
– (…) Tudo o que eu quis, que eu propus (à Câmara de Vereadores), reforma da previdência, aquele assunto para subsidiar o transporte público, os vereadores do MDB foram meus parceiros, e quero que eles continuem. A cidade é mais importante.
EMEDEBISTAS NO GOVERNO
– Ontem (quarta) falei com os secretários dizendo pra eles isso: olha, nós temos um projeto para a cidade. Se vocês não trouxerem campanha política para dentro do governo, legal. A campanha é no ano que vem. A cidade quer é trabalho. (…) Se esses que estão hoje no governo fazendo muito bem isso… Vê o caso do secretário Guilherme Ósio (Mobilidade Urbana). Esse menino tem feito “horrores” nessa cidade. Então, esse menino vai sair porque gosta do Marco ou gosta do Zaffa!? Não, vai continuar trabalhando. (…)
SEM BRIGA
– Não brigamos com ninguém. Tenho o maior respeito pelo Marco, pela Patrícia, pelo MDB.