Por Luiz Zaffalon, prefeito de Gravataí
O transporte coletivo tira o sono de qualquer gestor público responsável, especialmente nos grandes centros urbanos. O setor vive uma crise crescente que segue um roteiro quase sempre igual: queda no número de passageiros, queda na qualidade do serviço e elevação de custos ao cidadão. Em Gravataí, buscamos uma saída que não retira recursos de áreas essenciais, prevê investimentos em mobilidade e ainda garante uma tarifa de R$ 3,75, a menor de toda a Região Metropolitana.
Mesmo sendo um serviço essencial e um direito social, o transporte público tem seu futuro colocado em risco em todo o país. E isso é demonstrado pelos números. Em Gravataí, a queda do número de passageiros desde 2013 foi de mais de 70% — de 611 mil para 173 mil no ano passado. Além disso, há o encarecimento de insumos como o diesel e o impacto das gratuidades.
Para evitar o colapso no sistema, instituímos o Programa Municipal de Reestruturação e Qualificação do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Procoletivo). Além da redução de mais de 20% no preço da passagem, estão previstas a readequação de linhas e horários, a qualificação da frota e a pavimentação de algumas vias, entre outras ações. Os recursos virão dos royalties do petróleo e gás, resultado de uma ação judicial vencida pela nossa administração.
A meta é buscar a autossustentabilidade do serviço. Quanto mais pessoas usarem o transporte coletivo, maior será o rateio do custo do quilômetro rodado. Dessa forma, poderemos avaliar até novas reduções da tarifa no futuro. A economia que estamos gerando com a queda no valor da passagem significa dinheiro no bolso do trabalhador e fará uma diferença positiva no orçamento familiar mensal, além de desonerar o empregador.
Cada município tem sua realidade e suas oportunidades, mas todos precisam encarar esse debate de frente e com criatividade — sem desconsiderar a necessidade de uma presença mais relevante de Estados e União na busca de soluções. Gravataí começa 2022 com uma alternativa que garantirá mais competitividade, mais atração de investimentos e mais empregos. Equalizar o transporte coletivo, sem fazer a tarifa doer no bolso do cidadão, é também gerar desenvolvimento.