Sustentabilidade, inovação, economia e competitividade foram destaques de encontro sobre o cenário industrial

Fórum Indústria Mais Produtiva foi realizado pela Acigra, na tarde desta quarta-feira (20/7), no Paladino Tênis Clube

Priscila Milán

A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra) promoveu, na tarde desta quarta-feira (20/7), o Fórum Indústria Mais Produtiva. No evento, realizado no Paladino Tênis Clube, ocorreram quatro palestras sobre temas como inovação, eficiência das operações, sustentabilidade, economia e competitividade. A programação foi organizada pelo Comitê da Indústria, cujos membros foram apresentados após a abertura oficial, com a presidente da Acigra, Ana Cristina Pastro Pereira, o prefeito Luiz Zaffalon, a vice-presidente e a diretora da Indústria, Graziela Becker e Alessandra Rauter.

No início do encontro, os representantes da Acigra e o prefeito destacaram que Gravataí é considerada, atualmente, a melhor cidade do Rio Grande do Sul para negócios industriais, porém ainda há muitos aspectos para serem aprimorados. A associação ressaltou ações que vêm desenvolvendo em conjunto com o governo e outras entidades, como a articulação para melhorias no Distrito Industrial, a instalação de um segundo polo de indústrias e o engajamento no Movimento RS-118 sem pedágio. Na ocasião, também foram celebrados os 22 anos do Complexo Automotivo de Gravataí (CIAG).

Caminhos para reindustrialização

O primeiro palestrante foi o gerente de Tecnologia e Inovação da Engenharia de Manufatura da General Motors América do Sul, Carlos Sakuramoto, que falou sobre competitividade e práticas da empresa em busca de melhores resultados, além de causas da chamada desindustrialização. No painel, ele enfatizou que a competitividade está ligada a aspectos valorizados pelos clientes, como qualidade, confiabilidade, velocidade, flexibilidade e custo.

Em sua opinião, a inovação – resultado de pesquisa e desenvolvimento –, é imprescindível na atualidade, tendo se tornado o caminho para a reindustrialização. “Mas a inovação resolve parcialmente o problema. É preciso ter estratégias. O concorrente no passado, hoje é aliado. O concorrente está do outro lado do oceano”, comentou após mencionar impactos da globalização. Segundo Carlos, é fundamental que as empresas discutam projetos e que estes sejam estruturantes, setoriais e deixem heranças positivas para a sociedade.

Excelência operacional

O diretor de Excelência Operacional da Dana, Nelson Wagner, foi o segundo palestrante do Fórum Indústria Mais Produtiva. Em sua explanação, o profissional salientou medidas que visam contribuir para a eficiência das operações de uma empresa: otimizar velocidade, maximizar performances, melhorar o envolvimento dos clientes e aumentar a colaboração e a inovação. “Não existe inovação sem colaboração”, frisou, citando também o conceito de “novas ações” para a retomada da competitividade no setor industrial.

Nelson explicou que cada instituição deve desenvolver seu próprio sistema operacional, não descuidando de cinco indicadores: segurança, qualidade, produtividade, eficiência e entrega. Apontou ainda que esse sistema precisa ser flexível, pois obter qualidade requer, muitas vezes, mudanças. O diretor fez referência a um programa da Dana criado há mais de 27 anos, o SOPE (Solução de Problemas em Equipe), a partir do conceito de trabalho colaborativo para o desenvolvimento de ações inovadoras.

Negócios sustentáveis e ESG

Após um intervalo para o café, a palestra foi ministrada pela doutora em Engenharia e Sustentabilidade Andrea Pampanelli, que abordou tópicos relacionados ao conceito do ESG (Environmental, Social & Governance). A especialista argumentou que o pensamento sistêmico é a principal competência da sustentabilidade e que hoje em dia é muito importante que a governança corporativa possua um olhar estratégico.

“O lucro tem que ser resultado de um propósito maior. Os investimentos precisam avaliar o impacto ambiental e social”, afirmou. A palestrante explicou que o ESG é uma abordagem de negócios que cria valores a longo prazo, corroborando para aumentar a competitividade de uma empresa e diminuir riscos para a marca.

Aspectos econômicos

O fórum encerrou com a palestra do economista André Nunes de Nunes, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). No painel, o participante trouxe dados sobre o cenário econômico brasileiro e mundial.
O primeiro índice apresentado foi o de desenvolvimento da economia entre 2011 e 2021. Enquanto a economia mundial cresceu 3,1% no período, o Brasil registrou 0,7% de crescimento. André também ressaltou os percentuais de produção industrial na década. No mundo, o avanço foi de 25%. No país, o índice seria negativo (-18,3%).

De acordo com o economista, a perda de participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) é uma tendência até mesmo em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e China.

Outro dado trazido pelo palestrante foi o aumento da produtividade dos anos 50 até 2021. Nesse período, Taiwan, por exemplo, teve crescimento de mais de 3.346% na produção. Já o Brasil registrou 325%. Ele atribui esses índices de desempenho do país, em grande parte, à carga tributária.

Na explanação, o economista comentou que a cada R$ 100 reais do PIB, R$ 47,3 reais são destinados a impostos. Em seu ponto de vista, uma reforma tributária é o primeiro passo para o setor industrial voltar a crescer.

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