Por Patrícia Alba. É uma política e advogada brasileira. Deputada Estadual pelo MDB RS e Presidente do MDB Mulher RS.
Apenas em 2021, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, mais de 15 mil gaúchas registraram ocorrência de ameaça. Cerca de oito mil agredidas, mais de 930 estupradas. Em agosto, o Rio Grande do Sul aumentou em 225% os casos de feminicídio em relação ao mesmo período de 2020. A violência contra a mulher é uma dura realidade que assume formas em todos os espaços: em casa, nas ruas, no trabalho e, também, na política. Embora tenhamos observado inegáveis avanços e conquistas históricas na representatividade feminina, ainda somos obrigadas a enfrentar preconceitos e estereótipos que abafam a voz.
Segundo a ONU Mulheres, 82% de nós já sofremos violência psicológica em espaços políticos; 45% já receberam ameaças; 25% sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa. Esse sentimento arraigado acaba, por vezes, aniquilando a participação feminina, desestimulando a sua escolha por fazer parte ou até mesmo minando seus mandatos e suas lutas. Interrupções em pronunciamentos, comentários maldosos e fake news, sem falar no assédio sexual, são algumas das armadilhas que muitas de nós convivem todos os dias. Mas, nós mulheres, precisamos seguir de pé.
No início de agosto, foi sancionada a lei que combate a violência política contra a mulher. A norma criminaliza a divulgação de conteúdo falso sobre candidatas no período de campanha eleitoral e assegura a participação feminina em debates. Toda ação que impedir ou restringir o exercício dos direitos políticos e de funções públicas da mulher será considerada uma violência política. Cada vez mais, precisamos estar conscientes do nosso papel de porta-vozes das necessidades e dos anseios das nossas comunidades, que também possuem representantes femininas.
Somos protagonistas de uma visão própria e qualificada que não pode ficar reduzida ao discurso de equidade de gênero. Precisamos da política, assim como a política também precisa de nós, do nosso olhar sensível, da nossa profunda capacidade de trabalho, cuidado, entrega e doação.