Patrulhense residente na China fala sobre agravamento da pandemia

A modelo internacional Cláudia Portal, que é patrulhense, mora há nove anos na província de Guangdong, na China. Ela foi procurada pela reportagem da FOLHA PATRULHENSE, após o noticiário internacional informar sobre o recrudescimento da pandemia naquele país asiático.
Claudinha afirma que está sendo enfrentada a segunda pior fase dessa pandemia desde quando se iniciou em 2020.
Isto depois que as autoridades e os chineses julgavam que o pior já havia passado.
“Um caso ou outro aparecia, mas logo a situação era controlada não permitindo que o vírus se espalhe. A China adotou a política de COVID ZERO no país. O surgimento de um caso já era o suficiente para medidas serem tomadas o quanto antes para evitar que outras pessoas também fossem contaminadas”, explica nossa verdadeira correspondente na China.
A VOLTA DO MEDO
Até que, quando todos menos esperavam, o medo se instalou na população com a chegada da variante Ômicron no país em fevereiro/março desse ano.
Se espalhando rapidamente por algumas províncias com o foco maior na cidade de Xangai onde a população enfrenta um verdadeiro pesadelo. As autoridades adotaram um regime severo de Lockdown confinando 25 milhões de pessoas em suas casas por praticamente um mês.
ALIMENTAÇÃO
Com a cidade inteira em lockdown as pessoas precisam contar com a sorte para pedir comida (o essencial) e esperar que o governo deixe em suas portas como água, arroz, vegetais, ovos e por ter uma demanda muito grande para suprir a necessidade de todos, muitas vezes acabam não recebendo esses alimentos, outro motivo de revolta na população, pessoas que precisam de atendimento médico, pessoas que precisam de medicamentos estão sentindo a falta e muitas vezes precisa pedir ajuda aos vizinhos do prédio por meio de um grupo que é criado na rede WeChat usada na China. É assim que muitos tem sobrevivido nos últimos dias. Contando com a ajuda dos moradores, trocando alimentos e tentando sobreviver como podem até chegar alguma ajuda de fora.
“Tudo isso tem gerado confusão e protestos na população, algo até pouco tempo desconhecido. A mais de 9 anos morando na China eu nunca havia escutado alguém ir contra as regras, comunidades se unir e ir às ruas protestar e reivindicar por seus direitos como cidadãos”, relata Claudinha.
LIBERDADE
Já nos últimos dias parece que o povo em Xangai voltou a sentir o gostinho da “liberdade”. Em poucas áreas foi liberada a circulação pelo condomínio ou até mesmo se pode circular por poucos metros pelas ruas. Assim as pessoas conseguem sair de suas casas e andar por alguns minutos. Levando um pouco de alívio e esperança para aqueles que já vivem a um mês trancado. Porém, todos seguem sendo testados e monitorados diariamente.
Presidentes de grandes empresas pedem pelo retorno ao trabalho imediatamente para não correr o risco de fechar sua fábricas. O que seria um impacto grandioso para a economia.
EM SUA CIDADE
Na província de Guangdong, onde ela mora, na cidade de Guangzhou, terceira maior da China atrás de Pequim e Xangai, começaram a surgir os primeiros casos da variante Ômicrom. “Guangzhou sempre foi um exemplo para as demais cidades, por aqui todos sempre levaram mais a risca o uso de máscara e todos os cuidados, no aparecimento de novos casos, providências eram sempre tomadas muito rápido, evitando-se assim que o vírus se espalhasse. No dia 8 de abril 5 casos foram confirmados, o bastante para se iniciar pontos de testes por toda a cidade. Já no dia 10 de abril mais de 15 milhões de pessoas haviam sido testadas e os casos subiam para 20. Dia 11 de abril começou a construção de um dos maiores centros de isolamento, o mesmo sendo utilizado em Xangai.
No fim do dia, mercados já se encontravam vazios, o medo já se espalhava e todos temiam o que poderia acontecer. Dia 12 foi decretado o fechamento de todos os restaurantes, academias, supermercados, o fechamento das linhas de metrôs mais importantes e também de duas grandes áreas onde o foco era maior. Apenas o delivery estava sendo permitido. Os casos já subiram para 40 e todos obrigatoriamente devem ser testados entre 24 a 48 horas.
Nos dias seguintes já se podia observar que os casos estão diminuindo e o medo de um lockdown total também já não assombra mais. Porém novas regras são estipuladas, conta a patrulhense.
Para aqueles que entram em Guangzhou, vindos de outras províncias precisam apresentar 2 testes em 3 dias com intervalo de 24 horas e 11 dias de monitoramento.
Para todos que entram em Guangzhou vindo de cidades com casos de COVID-19 nos últimos 14 dias, deve fazer 3 dias de isolamento em casa e seguindo 11 dias de monitoramento e teste entre os dias 1, 3, 7, 10 e 14.
CONTROLE RIGOROSO
Para aqueles que estiverem em áreas de médio risco de casos confirmados precisam apresentar o “green code” (que é um código que todos precisam ter que rastreia todos os locais que você teve nos últimos dias e detecta se esses locais a casos de risco ou não) caso esse código fique amarelo imediatamente você é informado e medidas precisam ser tomadas. Também é necessário apresentar um teste negativo de até 48 horas e será submetido a quarentena de 14 dias em casa. Para aqueles que estiveram em áreas de grande risco será submetido ao centro de isolamento por 14 dias.
A população segue todas as normas, respeitando todos os avisos e cuidados para colaborar com o fim dos casos
“Uma curiosidade: entre os dias 23 e 26 de março quando Xangai ainda não estava completamente em lockdown apenas as áreas maiores de risco, eu estive por lá para cumprir com minha agenda de trabalho e fui assegurada de que a área que estava indo trabalhar se encontrava fora de risco. Porém, exatamente no dia 26 de março quando eu já retornava para Guangzhou, Xangai entrou em lockdown por completo”.
TRANCADA EM CASA
No dia 29 de março, Cláudia Portal recebeu uma ligação do centro de saúde de Guangzhou informando que ela precisava fazer um isolamento em casa por 7 dias porque esteve em Xangai em uma área que acabava de entrar no quadro de risco e a regra estava sendo aplicada para todos. Por fim, ela conseguiu reduzir esses 7 dias para 4. À noite, quando retornou para casa, a sua porta foi trancada por fora e um alarme foi acionado. “Caso eu tentasse abrir a porta central seria informada imediatamente (um pouco assustador neh?!) Fiz o pedido de todos os alimentos que seriam necessários para os próximos 4 dias de isolamento e claro que caso eu quisesse pedir mais alguma coisa eu poderia entrar em contato com eles e pedir o que fosse necessário, o desbloqueio da porta seria feito. No penúltimo dia eu realizei um teste e caso saísse negativo, no dia seguinte eu estaria livre. E graças a Deus deu negativo e voltei a minha rotina normal”.
Como se observa, a China tenta de todas as formas controlar a situação, antes que o vírus volte a se espalhar pelo mundo, decretando uma nova fase da pandemia.

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