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Esperto é ele, o cramulhão!!!

Vocês nem imaginam quem cogitou entrar para a política! O Tinhoso. O próprio Lúcifer, o Anjo Decaído, o popular “cosa ruim” – em nosso idioma pátrio, Diabo; no espanhol, Diablo; em italiano, Diavolo (quem pensou Mussolini não terá errado muito não), em inglês, Devil; e no russo, Dyavol (ou Stalin, me sopra ele aqui, que o bicho é danado de esperto). Se Deus ficou imortalizado – perdão pela gafe – na figura doce e afável de Morgan Freeman – se bem que sobre esse recaem suspeitas de ter feito coisas do capeta, assédio sexual e tal -, peguemos para esse meu Príncipe dos Príncipes Al Pacino, que deu vida ao nosso personagem no filme “O advogado do diabo” (1997).

“Congresso ou Executivo, magnânimo?” – está a questioná-lo um baixote, meio quasímodo, oitavado, de barriga espetada, encostado em uma pilastra incandescente, um dos seus tantos ajudantes de ordem – coincidentemente
um termo bem conhecido nos meios militares. “Sabias tu que o radical do meu nome, em grego, quer dizer justamente negador, caluniador, opositor, ou acusador, hein hein?”, redarguiu o Tinhoso. “Sabia disso não, excelso capeta”,
respondeu o ajudante. “Com toda esta minha eloquência, não me vejo em outra instância ou esfera política (olha ele já gastando o politiquês) que não seja o Parlamento, embora, reconheço, que o páreo por lá seja duríssimo.”

“Com todo o respeito, meu rubro rutilante, não quero empatar sua candidatura, mas tá ligado de como tudo começou, lá bem no início?” – esse secretário tem uma característica deveras apreciada pelo chefe, a sinceridade – aliás, dizem as más línguas que o sujeito em questão desceu ao inferno por ser um linguarudo, desses que só dizem a verdade. Pois estava ele ali a lembrar o futuro parlamentar de que se não fosse por essa vaidade desmedida, não haveria anjo decaído (dos Céus), ou seja, o diabo seria só mais um anjinho tocando sua inocente harpinha pelo infinito celestial. Mas não, o danado encasquetara de que queria porque queria construir um reino mais colossal e majestoso do que
o do Morgan Freeman, ora vejam! Reza a lenda que ele teria arrancado, para essa empreitada, com apoio de um terço da anjinhada, revelando-se ali já um grande articulador político – vai ver daria um bom líder da minoria, vá saber. Só
que do outro lado estava Miguel Arcanjo, espécie de líder do governo. Daí que o Exército do Tinhoso capitulou e ele e sua turma foram parar no inferno.

“Majestoso, pense cá comigo uma coisa. O senhor sabe de algum bicheiro que tenha virado político? Lembro dos nossos hóspedes aqui e não me vem à cabeça nem um nome”, questionou o baixote. Ladino, o Al Pacino, ops, o Diabo,
mas com aquele olhar único de Al Pacino, tá sacando aonde o sujeitinho quer chegar, porque, sabemos todos, ele é mais temido por ser velho do que… pois então. “Tens toda a razão, bicho feio! Reputação e credibilidade, eis o que mantém o império desses homens.” Logo o Tinhoso cai em si, que de bobo ele não tem nada: “Deus me livre, ops, escorreguei… por toda a escuridão das trevas, como não havia pensado nisso? Longe de mim. Prefiro seguir dando as cartas cá de baixo. Imagina eu ter de ouvir: ‘Ele não’. Esquece! Tô fora. E esse juizinho aí, o que te parece, hein, baixinho horroroso??”

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