Escola Bilíngue para Surdos apresenta Língua Brasileira de Sinais para novos alunos

Os primeiros dias de aula são os mais desafiadores e empolgantes na vida dos alunos. A cena dos responsáveis, em um misto de ansiedade e aflição pelos pátios das escolas, é corriqueira nessa época do ano, devido ao processo de adaptação dos pequenos às novas rotinas e, especialmente, ao ambiente escolar. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Bilíngue para Surdos (Emef BS) não é diferente. No degrau de entrada da escola, a mãe da pequena Milena Silva, de sete anos de idade, acompanha do lado de fora os primeiros momentos da filha na nova escola.

Com surdez e Síndrome de Charge, a aluna, que ingressou este ano no primeiro ciclo de formação da escola, já tem material adaptado e uma turma inteira para acolher. A partir de imagens da família e da casa da aluna, a professora apresenta os primeiros sinais para Milena. A mãe, o pai e a irmã são as figuras iniciais que a aluna aprenderá a interpretar na Língua Brasileira de Sinais. “Agora, a Milena está no lugar dela”, disse, emocionada, a mãe Aline Brito.

Assim como a Milena, outros cinco alunos iniciaram este ano na Emef BS, que atende em turno integral 43 estudantes. Na mesma turma, Victor Hugo, filho de pais surdos, que já chegou à escola entendendo alguns sinais, por meio da convivência familiar, socializa e brinca com os novos colegas de classe. “O pai dele passou pela nossa escola há muitos anos e, hoje, mesmo morando em Sapucaia do Sul, escolheu trazer o filho para estudar aqui, o que pra nós é uma honra”, disse a orientadora Evanise Luz, que atua na escola há 18 anos.

Com um número reduzido de alunos por turma, para que a aprendizagem ocorra de forma eficaz, os professores, alguns deles surdos, encontram formas para atrair a atenção dos alunos. Na sala do terceiro ciclo, o professor Cássio Freitas usa a tela interativa e vídeos curtos para trabalhar a expressão corporal, um dos cinco princípios da língua de sinais. Em outro espaço, Ericka Brum inicia o último ciclo. É o primeiro ano da aluna, que vem perdendo a audição aos poucos. “Aqui eu consigo entender melhor as atividades, na escola regular eu tinha dificuldade”, contou Erika, ao lado da irmã que também é aluna da Emef BS.

Em abril de 2022, o prefeito Luiz Zaffalon abriu oficialmente o turno integral da Emef, que atende desde a educação infantil até o nono ano. “Transformar a escola em tempo integral foi um desafio enorme, mas necessário e, hoje, já podemos perceber a evolução dos alunos”, lembrou a secretária de Educação Magda Ely.
Escolas bilíngues priorizam a língua brasileira de sinais (Libras) como a língua primária, e o português escrito como língua secundária para os alunos surdos – diferentemente das escolas inclusivas, que incluem os alunos surdos em salas de aulas mistas com alunos ouvintes, na qual a língua primária é o português.

Ciclos de formação
Na escola bilíngue, os alunos passam por três ciclos de formação. O primeiro, agrega do 1º ao 3º ano, o segundo, do 4º, ao 6º e o terceiro, do 7º ao 9º. Além disso, a EMEF BS conta com as chamadas turmas de progressão, na qual os alunos que não atingem aprovação em um dos ciclos, passam por um reforço escolar, antes de ingressar no próximo.

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