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“Cacho” de cobras flagrado em Santo Antônio vira destaque nacional

Um fato curioso registrado pelo patrulhense Telmo Santos em sua conta no Facebook, está viralizando na Internet e, claro, ganhando destaque na grande Imprensa Brasileira, como Zero Hora, G1 (Grupo Globo), Correio Braziliense, dentre outras publicações.
O que vamos mostrar agora, é matéria do site UOL, divulgado no último dia 25 deste mês:
Um “cacho” de cobras-verdes registrado em Santo Antônio da Patrulha (RS) virou assunto de uma revista científica especializada na biologia de serpentes e a imagem rodou o mundo. Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, publicaram uma nota científica no periódico Herpetological Review explicando a história por trás do “amontoado” de répteis, flagrado sobre um pé de mexerica.
Segundo Karina Banci, uma das autoras do documento, a união das serpentes na árvore frutífera faz parte de uma tática de reprodução de várias espécies de cobras.
O fenômeno é chamado de agregação reprodutiva. No período reprodutivo, as fêmeas secretam pela pele hormônios sexuais chamados feromônios. Por meio do olfato, os machos são atraídos até a fêmea, conseguindo, inclusive, seguir as trilhas de feromônios que as fêmeas vão deixando por onde passam. Eventualmente, muitos machos são atraídos ao mesmo tempo por uma fêmea só, o que faz com que eles se agreguem em volta dela, tentando copular.
Karina, que é técnica de apoio à pesquisa científica no Butantan, divide a autoria da nota sobre o fenômeno com Silara Batista, que também atua na instituição.
O trabalho das duas realiza o desejo de Telmo Santos, autor da foto do “cacho”, que publicou o registro em um grupo no Facebook em busca de explicações científicas para a reunião das serpentes.
A pesquisadora explica que, apesar de não aumentar o sucesso reprodutivo dos machos individualmente, já que nem todos conseguirão copular com a fêmea, o “amontoado” das cobras-verdes pode aumentar o sucesso reprodutivo da espécie como um todo.
“Ao induzir uma agregação de machos em volta de si, a fêmea induz indiretamente – já que não é algo ‘pensado’ – uma seleção sexual. De acordo com a teoria da seleção sexual, a fêmea escolhe machos com maior ‘fitness’ reprodutivo, isto é, maiores, mais vistosos, mais saudáveis, etc. No caso do comportamento relatado neste trabalho vemos 3 machos e 1 fêmea. A agregação faz com que somente os machos com melhor ‘fitness’ consigam efetivamente copular com a fêmea, ou seja, é uma escolha indireta”, detalha Karina.
“O benefício para a espécie é que as fêmeas produzirão filhotes desde machos que obtiveram sucesso, e estes têm maior probabilidade genética de serem filhotes saudáveis e adultos com sucesso reprodutivo”.
Mas, apesar de a técnica aumentar a chance da geração de filhotes saudáveis, a pesquisadora destaca que é comum que os filhotes de serpente tenham mais de um pai.
Diante desta possibilidade, para garantir a paternidade, machos de algumas espécies chegam a depositar uma substância gelatinosa na cloaca da fêmea, chamada “plug copulatório”, que bloqueia a entrada da cloaca da fêmea por algumas horas ou poucos dias, impedindo que outros machos consigam copular com a mesma.
“Além disso, sabemos também que há competição dos espermatozoides, já dentro da fêmea, após a cópula”, conta a técnica.
Já em relação aos locais em que a agregação reprodutiva ocorre, Karina explica que o cenário muda de espécie para espécie. A cobra-verde (Philodryas olfersii) é arborícola, ou seja, vive principalmente nas árvores, o que justifica o comportamento visto na imagem feita no Rio Grande do Sul.
No caso de espécies terrícolas que também praticam a técnica com frequência, como a cobra-liga-comum (Thamnophis sirtalis), a agregação ocorre no chão. Já no caso de sucuris, que são aquáticas, esse comportamento pode ocorrer próximo a corpos d’água, conclui a pesquisadora, afirmando ainda que as “bolas” reprodutivas podem durar horas.

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