Pouco mais de um mês após ter sido o salão paroquial da Cidade Alta aberto para receber desalojados pelas enchentes na Grande Porto Alegre e também para acolher milhares de doações das populações de Santo Antônio e de outros municípios e Estados, os últimos abrigados deixaram o local retornando para Canoas a fim de reiniciar suas vidas.
Os últimos moradores foram cinco pessoas: um casal de idosos, a filha e dois netos. A intenção da filha do casal era ficar residindo em Santo Antônio, porque todos ficaram sensibilizados com a acolhida recebida aqui. Porém dois fatos impediram que ela concretizasse o seu objetivo: ao ver os pais arrumando seus pertences para retornar, a emoção bateu mais forte e ela desistiu da ideia. O segundo impasse foi em relação aos custos: o aluguel pretendido era de R$ 850,00 mensais. Contabilizando água, luz, gás e internet as despesas seriam de aproximadamente R$ 1.100,00 mensais. Sobrariam apenas R$ 700,00 mensais para despesas com alimentação e até mesmo eventuais problemas de saúde. Para quem havia perdido praticamente tudo, não havia como arriscar, quando em Canoas já havia emprego garantido por valor maior do que o que obteria aqui, que seria de R$ 1.800,00, além de ficar perto dos pais, um dos quais, cadeirante.
Ela não descarta a possibilidade de morar em Santo Antônio, mas precisa primeiro ajeitar toda a situação em sua cidade.
A casa onde ela estava morando, conforme afirma o Pe. Adalberto Lumertz Borges, que chegou a intermediar a possibilidade de sua mudança para Santo Antônio, é pequena, dispondo de apenas três peças, mas tudo foi perdido na enchente. Nem portas tem mais, porém ela tem convicção de que vai conseguir reconstruí-la, até porque fica no pátio da casa dos pais.
“Vamos continuar ajudando-a, porém concordamos que o melhor no momento, é que ela fique com os pais”, disse o padre.
SOBRARAM MUITAS DOAÇÕES
Conforme o Pe. Adalberto, sobraram muitas doações. Muita roupa boa foi doada, “mas precisamos desocupar o local que vai servir agora, inclusive para espaço de ginástica para os interessados”, afirmou.
Quem estiver interessado deve entrar em contato com a secretaria da Paróquia para saber como proceder, já que essas doações serão destinadas à famílias necessitadas. O telefone da secretaria é (51) 3662-1812.
SATISFAÇÃO
O Padre Adalberto e toda a equipe que ali atuou, como foi o caso de Sirlei Muniz Pereira, que esteve presente desde que o alojamento foi instalado permanecendo até o final, desenvolveram, a exemplo das demais voluntárias, um clima de muita amizade com os alojados tornando-se praticamente integrantes daquelas famílias que ali estiveram, recebendo o calor humano tão necessário num momento em que perderam praticamente tudo, menos a esperança de recomeçar do zero.
Por isso, o padre se mostra profundamente agradecido por toda a ajuda recebida, porque não fosse o coração generoso de todos, certamente seria bem mais difícil poder acolher aquelas famílias.