Por Gabriel Souza, presidente da Assembleia Legislativa do RS
Além da crise da saúde e da economia, a pandemia agravou também a situação da juventude brasileira, escancarando a falta de perspectiva diante do contexto social e político do país. Levantamento da consultoria IDados revela que o Brasil tem 12,3 milhões de jovens, até 29 anos, que não estudam nem trabalham.
No RS, uma pesquisa sobre desigualdade social encomendada pela Assembleia Legislativa no ano passado identificou que 15,6% dos estudantes se afastaram dos cursos de ensino superior desde o início da pandemia.
Diante dessa dura realidade, propomos ao Governo do Estado a criação de um programa de jovens aprendizes para oferecer à faixa etária de 14 a 24 anos oportunidades de aprendizagem profissional e de entrada para o mercado formal de trabalho.
O objetivo é formular uma política pública para que o Estado possa contratá-los e, ao mesmo tempo, promover a qualificação profissional, que deverá colaborar também no combate à evasão escolar.
O Parlamento gaúcho também vem fazendo a sua parte por meio da Política Estadual da Juventude. A lei, de minha autoria, regulamenta o Programa de Contratação de Jovens Aprendizes em âmbito estadual, permitindo aos órgãos públicos admitirem pessoas desta faixa etária.
Em 2021, uma resolução regulamentou a medida na Assembleia Legislativa e o processo para empregar jovens de 14 a 22 anos já está em andamento. Mas ainda precisamos fazer mais e tratar este tema como prioritário. Para isso, defendo a realização de uma reforma na educação, que reduza este estrondoso percentual de quase um terço dos jovens fora da escola e fora do mercado do trabalho.
Precisamos preparar as futuras gerações e dar condições para que desenvolvam suas habilidades. As ações para mudar a realidade desta geração do “nem nem” – que não estudam e nem trabalham – devem envolver toda a sociedade. Só com esforço conjunto conseguiremos vencer esta crise que ameaça seriamente o futuro dos profissionais do nosso Estado.