Estamos vivendo a Semana Farroupilha que celebra os dez anos da guerra que sacudiu o Rio Grande do Sul.
A reportagem da FOLHA PATRULHENSE mergulhou na história e, no túnel do tempo procurou saber se Santo Antônio teve, ou não, participação na epopéia farroupilha. Procuramos o historiador Jaime Nestor Müller para saber se Santo Antônio da Patrulha teve alguma participação naquele evento bélico. Teve.
Mas vamos deixar para que o leitor saiba como isso aconteceu. O texto é de Jaime Müller e as fotos também. Uma delas mostra uma réplica da casa onde o general Bento Gonçalves residiu e que fica ao lado das ruínas da original. A outra, a placa inaugurada pelo ex-prefeito Silvio Fofonka em dezembro de 1990, dizendo ser Santo Antônio da Patrulha, um município farroupilha. E ele fala também sobre outro fato histórico: Santo Antônio foi um dos municípios invadidos pelos farrapos logo que iniciou a revolução. Eis o texto de nosso conhecido historiador que se debruçou sobre obras que relatam ter sido Santo Antônio diretamente envolvido no conflito:
“VOCÊ SABIA QUE SANTO ANTÔNIO DAS PATRULHA É UM MUNICÍPIO FARROUPILHA?
Nos meados dos anos 1820, a Província de São Pedro questionava os altos impostos cobrados pelo império taxados sobre a propriedade rural, o charque (carne seca) e o couro. Com a Independência da Província da Cisplatina (Uruguai), em 1828, o charque uruguaio começou a competir com a produção gaúcha. O produto uruguaio tinha menos custos sendo vendido a menor preço. Diante deste fato, o charque gaúcho, responsável pela alimentação dos escravos e das camadas mais pobres de outras regiões do país, desde o Ciclo da Mineração (ouro), ficou em desvantagem, perdendo a concorrência em relação ao produto platino. Além desta grave questão econômica, que atingiu a elite estancieira (fazendeiros) da Província, havia, entre outras causas, a insatisfação quanto à política centralizadora do presidente da província Fernandes Braga (1805-1875), que iniciara seu governo com uma política liberal, aderindo depois à política centralizadora do Império. Diante do descaso do governo imperial em relação aos problemas sociopolíticos e econômicos que se avolumavam na província de São Pedro (RS), um grupo articulou a tomada de Porto Alegre em 20 de setembro de 1835. A decisão, quanto à invasão da capital da província pela Ponte da Azenha, ocorreu na primeira Loja Maçônica de Porto Alegre, “Philantropia e Liberdade”, fundada em 1831, na Rua do Rosário, atual Vigário José Inácio. A Loja se apresentava como um “gabinete de leitura” onde funcionava o jornal O Continentino (1831-1833), para não despertar a atenção dos opositores.
Porto Alegre foi invadida pelos farroupilhas, na madrugada de 20 de setembro de 1835, o presidente da província, Fernandes Braga, e seus auxiliares embarcaram na Escuna de Guerra rio-grandense e seguiram para Rio Grande. Os líderes farroupilhas José Gomes Jardim (1774-1854), João Manuel de Lima e Silva (1805-1837) e Onofre Pires (1799-1844) invadiram o palácio do governo, abandonado pelo presidente Fernandes Braga, não encontrando resistência. No dia 21 de setembro, Bento Gonçalves da Silva (1788-1847) chegou a Porto Alegre, vindo de Pedras Brancas (Guaíba), sendo recebido num clima de comemorações. Após a invasão da capital, os farroupilhas tomaram Jaguarão, Piratini, Cachoeira e Santo Antônio da Patrulha.
Temos hoje na Praça Major Pompilio da Fonseca (Praça do Correio) uma placa em homenagem de Santo Antônio ao sesquicentenário da Revolução Farroupilha (1835/1985).
Outra placa que considera Santo Antônio da Patrulha, um município Farroupilha, encontra-se no município de Cristal, mais precisamente no Parque Histórico General Bento Gonçalves da Silva. O parque de 280 hectares pertenceu a Bento Gonçalves e era conhecido como Sesmaria do Cristal. Lá tem construída uma réplica da casa do general farroupilha, construída ao lado das ruínas da original e foi transformada num museu. Na entrada, uma pequena estrada que dá acesso ao museu, tem nos dois lados da mesma, pequenas placas homenageando os municípios farroupilhas e Santo Antônio é um deles.”
