Produção de melado garantiu o doce junino em Santo Antônio da Patrulha

O município é conhecido como a terra da cachaça, do sonho e da rapadura e essa é uma das melhores épocas do ano para as vendas do doce que tem a cara de São João.
Mas o segredo para garantir uma rapadura que dá água na boca vem lá da roça, do cozimento do caldo da cana que é transformado em melado. “É isso que dá o sabor gostoso da rapadura”, garante o agricultor João Jair Pinto, 53 anos, que há quase três décadas se dedica ao plantio de cana e produção do melado.
Produtor da localidade de Roça Grande, no Terceiro Distrito, a agroindústria de Pinto faz parte do grupo de 16 empreendimentos rurais que integram o Programa Estadual de Agroindústria Familiar. Elas transformam a cana de açúcar em melado, açúcar mascavo e rapaduras e são atendidas pela Emater, em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Sindicato Rural e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Conforme o técnico da Emater Flademir Heleno Schmidt, existe uma área de 1,2 mil hectares de cana no município, onde 400 são para transformação nas agroindústrias e os outros 800 hectares são utilizados para alimentar os animais.
A produtividade é de 80 toneladas por hectare, sendo que uma tonelada de cana produz 125 quilos de melado ou 90 quilos de açúcar mascavo.
Segundo Schmidt, a variedade mais plantada é a napa paulista. A comercialização do melado e do açúcar mascavo, é realizada na feira do produtor, na Expointer, na alimentação escolar e nos mercados da grande Porto Alegre e Vale dos Sinos.
A safra da cana começa em abril e vai até outubro, sendo o pico da produção no mês de junho.
“Devido a realização das festas juninas, há um aumento no consumo das rapaduras e seus derivados”, diz o técnico. Já o amendoim utilizado na rapadura é comprado do Estado de São Paulo.
O produtor João Jair Pinto, ao lado da esposa Maria Nelci Pinto, cultiva entre nove e dez hectares de cana.
De acordo com ele, a colheita começou em maio e deve seguir até o final do ano. “Às vezes a gente produz o ano todo”, conta.
Cerca de 90% da sua produção é destinada para a maior empresa produtora de rapaduras da cidade. A agroindústria está legalizada e possui alvará sanitário e licenciamento ambiental.
O produtor explica que, logo após o corte da cana, é preciso fazer a garapa para que possa ser levada ao fogo para o cozimento, em um panelão.

CUSTO DE PRODUÇÃO
É preciso de quatro a quatro horas e meia de fogo para a garapa ser transformada em melado. A cada tacho são produzidas entre 125 a 130 quilos, que depois são armazenadas em bombonas para serem levadas à indústria. A tração animal é utilizada para transportar a cana para o engenho pelos agricultores.
Segundo Pinto, com a pandemia os custos de produção subiram, entre eles o valor da madeira. “O preço do melado não conseguiu acompanhar. Está meio defasado, mas esperamos que melhore”, diz.

Texto por Débora Ertel/Jornal NH

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