Desde que foi interpretada ainda no sábado, na fase classificatória, Carta Ao Filho arrancou aplausos e lágrimas do público presente na 37° Moenda da Canção em Santo Antônio da Patrulha.
Representando Santa Maria, a música trouxe versos de um pai para seu filho de uma maneira tocante e sensível.
Interpretada magistralmente pelo jovem Gabriel Zeppe, melhor intérprete do festival, a canção recebeu ainda o prêmio de melhor letra.
Gabriel subiu ao palco da Moenda pela primeira vez e não conseguiu esconder a emoção, assim como Brenner que também foi o autor da segunda colocada Floresce.
“É uma emoção tamanha estar aqui recebendo estes troféus junto de músicos que são meus ídolos em um festival que eu acompanho desde sempre. Fiz Floresce para minha esposa Marina e compus Carta Ao Filho para o Bruno. Está aqui o filho da carta”, apontando para o menino que estava com ele na premiação.
A grande campeã teve no palco Paulinho Goulart, no acordeon, Matheus Alves, no violão, Miguel Tejera, no Contrabaixo, Marina Montero, na flauta, e o próprio Brenner no teclado.
Paola Matos, em performance exuberante, trouxe ao palco Floresce, juntamente com Guilherme Goulart no acordeon, Diogo Barcelos no teclado e Miguel Tejera no contrabaixo. A jovem cantora de Santa Maria, também estreante no palco da Moenda, mostrou porque é uma das vozes femininas de destaque no cenário musical do Estado.
A terceira colocada também teve na interpretação uma mulher. Loma Pereira, uma das divas da interpretação da música regional gaúcha, cantou Fogo no Canavial representando Porto Alegre.
O Afro-samba com letra de Claudio DusSantos e Glênio Bohrer, também autor da melodia, contou com um time de grandes instrumentistas: Andrei Sperandir na bateria, Adriano Sperandir no violão, Giovanni Berti na percussão, Cristiano Ludwig no sax soprano e Adriano Wigger no contrabaixo.
A Moenda mostrou mais uma vez porque é o principal palco para a diversidade musical feita no país. Composições feitas em Santa Catarina, São Paulo, Goiás somam-se aos trabalhos feitos em distintos pontos do Rio Grande do Sul.
Desta forma o público acompanha um mosaico de ritmos que incluem Baião, Frevo, Zamba, Choro, Milonga, Xote, entre outros.
Outra característica marcante do festival de Santo Antônio da Patrulha é a valorização da música instrumental. A Moenda Instrumental chegou a sua 13° edição mostrando belas composições e músicos virtuosos. De uma delas, saiu o melhor instrumentista, o percussionista Bruno Coelho que esteve na milonga Tempo Feio. No entanto, a vencedora da categoria foi a Zamba Breves Momentos do violonista Felipe Goulart.
Shows e homenagem
Desde seu início na sexta-feira o público compareceu em peso no Ginásio Caetano Tedesco. Neste dia, inclusive, a lotação foi máxima para assistir o show de Duca Leindecker. No sábado, o Grupo Chão de Areia fez o espetáculo de intervalo fazendo a plateia cantar em coro sucessos que passaram por outras edições da Moenda e clássicos da música brasileira.
Na grande final, Nei Lisboa fez um show que percorreu sucessos de sua carreira.
Antes das concorrentes subirem ao palco a emoção tomou conta de todos. Primeiramente com a interpretação do hino de Santo Antônio da Patrulha por Lilian Ramos e Diogo Barcelos, ao teclado.
Na sequência, uma justa lembrança a Clóvis Salazar, um grande moendeiro falecido este ano. Familiares entoaram Rei Menino, da 4ª Moenda, em uma linda homenagem.
Mas havia mais emoção ainda reservada com a homenagem a um dos mais importantes nomes da música do Estado e da Moenda. Fernando Corona, falecido em fevereiro, teve seu clássico – O Festival – entoado pelo público e por Neto, Ernesto e Paulinho Fagundes. Originalmente concorrente da 11° edição, em 1997, a canção tornou-se um hino não só da Moenda, mas como dos festivais.
De acordo com a organização do evento, quase 7 mil pessoas passaram pelo ginásio pelos três dias de Moenda, que em parceria com o coletivo RS Música Urgente, arrecadou donativos para a classe artística atingida pela enchente de maio.
O presidente da Moenda, Nilton Júnior da Silveira, enfatizou a importância da realização do festival em um ano de enchentes no Estado que atingiram a classe artística. Ele fez questão de citar o produtor cultural Renato Morais, e o diretor de palco Terson Praxedes, ambos atingidos pela tragédia climática. E chamou Praxedes para entregar o troféu ao primeiro lugar. Também chamou os moendeiros voluntários ao palco, ressaltando o trabalho incansável de todos. “Sabemos, mais do que ninguém, da dificuldade para realizar esta edição. E por isso devemos saudar todos que contribuem para esta grande Moenda. Eu sou apenas uma engrenagem e sem esta equipe nada seria possível. Unimos música e solidariedade, pois muitos ainda precisam de ajuda, incluindo nossos artistas”, lembrou ele saudando o patrocínio via Lei de Incentivo à Cultura de empresas da cidade como a Da Colônia Alimentos Naturais, De Mello e Arroz Massulo e apoiadores.
Confira abaixo a lista completa dos premiados abaixo:
3ª Moendinha da Canção:
1º Lugar Categoria Mirim
Muriel Kirst, interpretando “Cancha”
2º Lugar Categoria Mirim
Isabela Tramontina, interpretando “Amorável”
1º Lugar Categoria Juvenil
João Vittor Micuim, interpretando “O Pátio da Minha Casa”
2º Lugar Categoria Juvenil
Natiely Gonçalves, interpretando “Por Ser Lágrima Assim Sou”
37° Moenda da Canção e 13° Moenda Instrumental:
Melhor Letra: Carta ao Filho, de Cleber Brenner
Melhor Intérprete: Gabriel Zeppe, na música Carta ao Filho
Melhor Instrumentista: Bruno Coelho, na música Tempo Feio
Melhor Melodia: Floresce, de Cleber Brenner
Melhor Arranjo: Milonga Menor, de Sérgio Carvalho Pereira e Pirisca Grecco
Melhor Música Instrumental:
Breves Momentos, de Felipe Goulart
Melhor Música do Festival – opinião do público: Dois Mil e Quarenta e Cinco, de Diego Müller e Aline Ribas
3º lugar:
Fogo no Canavial, de Claudio DusSantos e Glênio Bohrer
2º lugar:
Floresce, de Cleber Brenner
1º lugar:
Carta ao Filho, de Cleber Brenner
Conteúdo: Fernando Maguari – Jornalista MTB 11635 – Equipe de Comunicação Moenda da Canção – 55 99152-5380.