Neste sábado (25), o Clube Recreativo Patrulhense estará vivendo um momento histórico: Ao som do Conjunto Aeroporto e de um show especial com Samuca do Acordeon em duo com violino, estarão sendo comemorados os cem anos do mais tradicional Clube Social de Santo Antônio da Patrulha.
Tendo se originado da iniciativa de um grupo de rapazes da época com a denominação de Sociedade Recreativa Amor Perfeito, o Clube Patrulhense reviverá os momentos marcantes que fizeram a sua história ao longo de dez décadas.
O jantar com Bibystro vai tornar a noite ainda mais agradável. Os ingressos continuam à disposição no Estecopal com Deniza e na Beleza Brasileira. O traje é social.
A história do centenário CRP se imortalizou por fotos que documentaram sua trajetória. Nesta edição, exibimos algumas fotos cedidas pela diretoria para que você lembre momentos inesquecíveis da já tão tradicional entidade social.
Curti a fase áurea do Patrulhense
Por Véra Lúcia Maciel Barroso
Do Patrulhense, só lembranças boas e inesquecíveis!
Meus irmãos – Fernando José, Antonio Carlos, Ana Clara – e eu crescemos vendo chegar ao Cartório, onde trabalhavam nossos pais, os convites para os bailes ou outras promoções que o Clube oferecia aos seus sócios; nossa família era associada. Era o tempo dos convites em papel impresso, muitos deles conservados no acervo do nosso pai historiador.
Na década de 1960, eu era uma jovem que muito cedo comecei a vivenciar momentos de sociabilidades no novo clube, que passou a ser o principal ponto de encontro da juventude da cidade. Sua construção se punha majestosa na avenida principal da vila com sua arquitetura moderna, quebrando a feição colonial do casario da antiga Borges de Medeiros.
Minha primeira lembrança, dentre inúmeras é, especialmente, a dos preparativos para o carnaval de 1962, ocorrido nos dias 3 a 6 de março. Era presidente do clube, o saudoso Jorge Nehme, que junto com a Beloni formava um casal muito animado junto aos jovens, de então. De Lourdes Werner com sua veia artística desenhou em madeira gigantescas figuras para a decoração do clube. Lembro, dentre outras, de pierrôs e colombinas. Aliás, tudo que ela e os que a ajudavam pediam de materiais para a decoração, prontamente eram ofertados pelo abnegado presidente. Nesta altura, Lourdes Nehme e Adroaldo Guerreiro estavam enamorados; lembro bem deles e de outros tantos que movimentavam o clube. Foi logo proposto criar um bloco “Os Democratas”, com linda fantasia de Tio Sam. A foto confirma o capricho dos carnavalescos! Eram duas noites no Patrulhense e duas noites no Clube Comercial, prédio localizado onde hoje está o Banco do Brasil. Em algumas destas noites, os meninos do bloco iam para o carnaval de Osório, o que nos deixava sestrosas!
E a boate Arco Iris do nosso clube? Quantas tardes de domingo, ao som de discos long plays nós dançamos, namorávamos e curtíamos até chegar à tardinha, quando então bebíamos Cuba Libre ou Gin Tônica! E não foram poucas as promoções oferecidas aos jovens, em noites de sábado, quando luzes coloridas sombreavam o ambiente para alegria dos enamorados! Uma delas foi promovida pelo Instituto Musical Verdi, comandada pelos professores Waldemar e Jenny Estamado Costa, com o objetivo de angariar fundos para uma excursão dos alunos que cursavam acordeon. Nós alunos que bolamos a decoração com rosas e cordões dourados!
E os aniversários de 15 anos, comemorados com gala no Clube? Lembro das lindas festas da Maria da Graça Giordani e da Rosmary Rosa Peixoto!
Os bailes de debutantes eram muito aguardados. Meu debut foi muito especial, pois meu pai que vivia para o trabalho e não frequentava festas, deu-me a alegria da valsa; o que não foi diferente para as amigas naquele ano de 1963 E os bailes do arroz e tantos outros que nos empurravam para a pista, para dançar soltas ou com o par que poderia surgir de um flerte. Lembro quando chegou um grupo de novatos na cidade para trabalharem no Banco do Brasil. Bah, era uma maravilha quando algum deles nos “tirava para dançar”. Era feio negar o convite a quem chegasse à mesa e não se gostava. Se aceitava, mas passando umas três músicas se agradecia e seguia o baile à espera de outro que pudesse vir e agradar.
Mas o Patrulhense proporcionou muito mais. Homenageio aqui o saudoso casal que curtia muito o clube – D. Ivone e Seu Dilon Selistre – que foram por anos incansáveis em dedicação ao Patrulhense. A eles e a outros que se agregaram devemos a construção da piscina e a urbanização da área, que ficou sendo por bons anos um point de convivência de jovens, crianças e famílias. Herdei desta época uma otite crônica, por “morar” na água nos períodos de verão. Bons tempos!
Abreviando, os anos se passaram e volto ao clube em abril de 1990 para a primeira edição do Raízes. O clube lotado, com a presença de todos os professores municipais, comunidade reconhecedora da importância do evento ali presente, e os convidados dos municípios originários de Santo Antônio da Patrulha. E para arrematar essa prosa, regada de muitas lembranças, não esqueço do baile em homenagem às e aos patrulhenses com 80 ou mais anos, quando da 10ª edição do Raízes em 1999. Eram patrulhenses na sua maturidade curtindo o novo Patrulhense, que nascera em antigo prédio, em anos distantes quando viviam o vigor de sua juventude. Foi o abraço do passado com o então presente, a eles ofertado com muito carinho e reconhecimento.
Viva o Patrulhense e suas muitas histórias!