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Mulher deficiente visual realiza o sonho de se formar em Direito

Cega desde os dois anos de idade, por uma fatalidade, Patrícia Lisboa, 39 anos, da Assessoria de Políticas para Pessoas com Deficiência (APPPD) da Prefeitura de Gravataí, cola grau em Direito nesta sexta-feira (11/3), em solenidade a partir das 19h, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), pela Ulbra. Entre os colegas da Prefeitura, é reconhecida pela sua bravura diante de tantos desafios. “Teve vezes sim em que pensei em desistir, mas sempre tive em mente o tanto de pessoas que vibravam e esperavam esse grande dia comigo, como minha mãe, meu marido e meus filhos”, comenta Patricia.

Patricia é casada com Ericson Romário dos Santos, que tem baixa visão. Isso não foi empecilho para que o casal criasse o casal de filhos gêmeos Yasmim e Gabriel, com 15 anos. Servidora pública, Patrícia destaca-se por sua liderança entre as pessoas com deficiência no Estado. Ela também preside o Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Coepede) e a Associação das Pessoas com Deficiência Visual e Amigos de Gravataí (ADVA).

“Toda a Prefeitura reconhece a capacidade e a luta desta servidora e manifestamos aqui toda a nossa alegria por essa conquista da Patricia, que sempre trabalhou de forma abnegada pelos interesses das pessoas com deficiência”, parabeniza o prefeito Luiz Zaffalon.

Não foram poucas as barreiras. Em meio ao curso, Patrícia superou um câncer de mama. Muitas vezes, saía das sessões de quimioterapia direto para a sala de aula. Nada disso, porém, lhe tirou o ânimo e a determinação de quem sempre sonhou formar-se advogada.

Além das conquistas pessoais, Patricia realizará em sua cerimônia de formatura o sonho de muitos acadêmicos com deficiência visual, que vibram junto com ela o acesso pleno nesse momento tão especial. Patrícia e seus convidados terão à disposição os recursos adequados para a compreensão de todas as informações visuais que guardam uma formatura.

Para atender às especificidades da formanda, a Ulbra Gravataí contratou a empresa Mil Palavras, especializada em audiodescrição. Os recursos incluem fone para a formanda e para os convidados com deficiência visual, audiodescrição simultânea, transmissão online com o mesmo recurso para pessoas com deficiência visual que não puderam ser convidadas para o evento presencial, em razão dos protocolos da pandemia, além do apoio de todos os seus colegas e comissão de formatura que trabalham há mais de cinco meses para que o dia tão esperado saia o mais próximo possível do que todos os 44 formandos esperam viver.

Entre tantas informações especiais, a formanda com deficiência visual e seus convidados terão acesso pelo recurso de acessibilidade a detalhes como iluminação, movimentação de todos os formandos, descrição do show de luzes e som, além de expressões de professores, homenageados, plateia e a tão esperada hora de jogar o chapéu. Sobre essa conquista, Patricia deixa um recado: “As barreiras já sabemos que existem, agora, o que precisamos é ter coragem para vivermos cada dia para removê-las”.

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