Milhares de peregrinos se dirigiram ao Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas no município de Caraá, entre o dia dezesseis e 28 de fevereiro, data esta, consagrada à padroeira daquele município.
O fluxo maior aconteceu no fim de semana, porém durante os dias que antecederam a data da festa da padroeira, muita gente subiu, seja de carro, ônibus, bicicleta e milhares à pé. Todos foram imbuídos do sentimento de agradecer, ou então pedir a intercessão de Nossa Senhora das Lágrimas ao que desejam para suas vidas, especialmente questões de saúde e de melhoria de condições de vida.
À frente do Santuário, uma grande fila aguardava o momento de entrar no local para sua intercessão junto à Virgem.
Um grupo de ciclistas de Capão da Canoa chegou na manhã de domingo (26/02). Já entre os romeiros que foram à pé, um empresário de Itajaí (Santa Catarina), estava presente junto a um grupo de Tramandaí e Santo Antônio.
Também estava presente o deputado estadual recém empossado Luciano Silveira, que tem familiares em Santo Antônio e que há anos faz o percurso a pé, de Osório em direção ao Alto Caraá.
SERENIDADE
Falando à reportagem da FOLHA PATRULHENSE o bispo diocesano disse que depois da pandemia se nota uma presença mais serena e tranquila. “A Romaria acontece com muita tranquilidade e as pessoas vão até à imagem. Isso expressa a fé do povo, essa piedade popular. É a devoção que cada pessoa cultiva no seu jeito de viver, de sua espiritualidade e de sua relação com Deus. Para nós, católicos, a presença de Maria é sempre um atrativo muito singelo, porque ela não é deusa, mas Mãe de Deus (Jesus). A devoção a ela nos ajuda a chegar a Jesus e aos irmãos. As pessoas abrem seu coração para acolher o outro, com suas diferenças e suas convicções”, explica Dom Jaime Pedro Kohl, enquanto conversava conosco no Santuário.
ROMEIROS
Os romeiros foram oriundos de vários municípios e estados, como um empresário de Itajaí que pelo segundo ano consecutivo vai até ao Santuário à pé, a partir de Santo Antônio da Patrulha.
A empresa Sudeste fez o transporte de romeiros nos dias da peregrinação. As Missas foram celebradas no amplo pavilhão localizado ao lado do Santuário e que sempre esteve lotado de romeiros.
A decisão pela celebração das Missas naquele local já não é nova, porque se chegou à conclusão de que, especialmente por ser num mês de verão, o calor pode causar mal-estar às pessoas que estiverem dentro do Santuário, devido ao seu reduzido espaço para concentrar os fiéis.
O Santuário ficou sendo o ponto em que os romeiros podiam se dirigir à imagem restaurada de Nossa Senhora que está em uma redoma de vidro, o que, aliás impede a realização de procissões.
MODIFICAÇÕES NO SANTUÁRIO
Mas a estrutura deverá ser modificada. Esta intenção já foi anunciada anteriormente pelo pároco, Padre Gibrail, tendo sido publicada pela FOLHA PATRULHENSE e confirmada à reportagem pelo bispo diocesano Dom Jaime Pedro Kohl.
“Tudo na vida tem que ser adequado em conformidade com as necessidades e compreensões dos tempos, mas não é uma questão de eliminar a imagem que permanece no Santuário”, afirma o prelado.
O bispo diocesano aprova a organização dos espaços sagrados, mas frisa que a ideia é para melhorar a estrutura. “Não se trata de eliminar todas as imagens, mas de ampliar um pouco a capacidade, organizar um pouco o presbitério onde fica o altar, o próprio sacrário, sendo que o conjunto precisa ser revisto e organizado com critérios litúrgicos mas respeitando a vontade popular”, justifica Dom Jaime para destacar: “Quando a obra ficar pronta, a comunidade verá que melhorou”.
Mas para tudo isso são necessários recursos, porém já há um arquiteto e um artista plástico que foram encarregados de colocarem no papel as ideias que a Diocese já possui.
“A ideia é de que, num futuro próximo, o Santuário possa receber a expressão de Reitoria, e para que o local seja o pulmão de uma espiritualidade mariana que possa ajudar as pessoas, tendo um serviço de apoio, para que os peregrinos possam se alimentar, restaurar energias, curtindo melhor o espaço externo”.
ALIMENTAÇÃO E ACAMPAMENTO
Outro aspecto que muitos peregrinos estranharam foi o impedimento das pessoas montarem barracas, de não terem o restaurante à disposição e a expressa proibição da venda de bebidas alcoólicas.
Dom Jaime explica que com relação a área de alimentação como não havia infraestrutura e pessoas que pudessem oferecer toda parte de alimentação, decidiu-se pelo aluguel do local para que pessoas possam oferecer um serviço com qualidade para que os romeiros possam se alimentar de modo saudável sem grande luxo. Quanto à questão do acampamento, a decisão é de que o espaço possa ser ocupado provisoriamente, no máximo um dia, para dar oportunidade a outros.
SEM BEBIDAS ALCOÓLICAS
Por fim, o bispo diocesano disse que, com relação à venda de bebidas alcoólicas, ele aprovou a proibição porque aquele local é de espiritualidade e de devoção. “Não somos contra que as pessoas tomem uma cerveja, mas que o façam em casa, ou com amigos. Porém neste local, é momento de fé em que as pessoas aqui comparecem para pedir a intercessão de Maria às suas necessidades e que possam voltar para casa, sem enfrentarem problemas que facilmente acontecem pela ingestão de bebidas alcoólicas”, conclui o bispo diocesano Dom Jaime Pedro Kohl.