Você sabia que um pequeno mamífero nativo vive discretamente no Chico Lomã? O tuco-tuco-do-lami (Ctenomys lami) é um roedor que passa a maior parte da vida debaixo da terra, escavando túneis nos campos nativos. Apesar de pouco conhecido pelos patrulhenses, ele é um importante habitante da região e hoje está ameaçado de extinção.
De aparência semelhante a uma marmota, o tuco-tuco é, na verdade, parente das capivaras. O nome curioso vem do som característico “tuc-tuc” que emite ao cavar ou quando se sente ameaçado. No Rio Grande do Sul, essa espécie vive apenas em áreas arenosas de Porto Alegre e municípios próximos, como Santo Antônio da Patrulha e Viamão.
Na região do Chico Lomã, o animal encontra refúgio, cavando túneis que podem ser reconhecidos pelo solo arenoso e, às vezes, pelo som característico que denuncia sua presença.
ÁREA DE OCORRÊNCIA EM DECLÍNIO
Pesquisas realizadas pela patrulhense Thamara Santos de Almeida, bióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), revelam que a área de ocorrência do tuco-tuco-do-lami encolheu 17% nas últimas décadas. Hoje, menos da metade do habitat da espécie continua disponível.
A situação do tuco-tuco-do-lami reflete um problema maior no bioma Pampa, onde a espécie vive. Segundo o projeto MapBiomas, entre 1985 e 2022 foram perdidos quase 3 milhões de hectares de vegetação nativa, o que representa uma redução de 30% em apenas quatro décadas.
Essa perda ameaça não apenas o pequeno roedor, mas também uma biodiversidade única, considerada uma das mais ricas do país em número de espécies por metro quadrado.
O QUE PODE SER FEITO
Em Santo Antônio da Patrulha, proprietários rurais também têm um papel essencial na conservação da espécie. Algumas práticas podem contribuir para manter a biodiversidade e, ao mesmo tempo, trazer benefícios para a propriedade:
- Respeitar áreas de preservação permanente (APPs), como margens de rios, nascentes e encostas, que ajudam a conservar a água e o solo;
- Evitar a conversão de campos nativos, mantendo esses ambientes em uso sustentável, seja para pecuária extensiva tradicional ou turismo rural, garantindo a sobrevivência de espécies ameaçadas;
- Adotar práticas de manejo sustentável, como o uso responsável do solo e da água, reduzindo erosão e aumentando a fertilidade natural;
- Restaurar áreas degradadas com espécies nativas, o que fortalece corredores ecológicos e melhora a conectividade entre fragmentos de vegetação.
Essas medidas, além de atender à legislação ambiental, ajudam a manter a saúde dos ecossistemas e agregam valor à produção, mostrando que é possível unir tradição, sustentabilidade e conservação da natureza.