Juíza recomenda às mulheres vítimas de agressão que não se calem diante da violência doméstica

O assunto relacionado com a violência contra a mulher tem pautado os noticiários na Imprensa, com denúncias e, infelizmente, casos confirmados de feminicídio.
“Este assunto é muito caro para mim, e quero deixar uma marca a esse respeito”. A afirmação é da juíza titular da 2ª Vara diretora do Foro da Comarca de Santo Antônio da Patrulha.
Nesta edição estamos publicando a primeira de uma série de duas entrevistas com a magistrada, que aborda este importante assunto.
Ana Paula Furlan Teixeira expõe que este assunto, na maioria das vezes, só chega a seu conhecimento quando é feito registro de ocorrência na Delegacia de Polícia, quando a vítima deseja processar o agressor, ou solicitar medida protetiva contra ele.
Apenas para exemplificar, esta semana, um caso claro de tentativa de feminicídio foi flagrado por câmeras de videomonitoramento em um determinado estado brasileiro, quando um indivíduo, que tinha um relacionamento de nove anos com uma mulher, não aceitou que ela se separasse dele e, num gesto definido como de covardia, a atacou em plena luz do dia, a agrediu repetidas vezes com uma barra de ferro, o que resultou em fratura em um braço e outros ferimentos disseminados pelo corpo.
“As mulheres podem se defender e não devem aceitar determinados comportamentos tidos como normais que provêm de uma cultura machista e paternalista. Alertamos a elas de que isso não é amor nem companheirismo e ela não deve aceitar isso”.
A Magistrada afirma que, para este trabalho, tem uma parceria muito importante com a sua assessora e com a Comissão da Mulher Advogada da OAB, porque o Judiciário, sozinho, não consegue chegar a todas as mulheres para evitar que os atos resultem em feminicídio ou outras agressões.
“É que infelizmente não temos como saber o que acontece em cada lar, e se a mulher não for à Delegacia, ao Ministério Público ou ao Fórum, não temos como saber. E não é apenas agressão física, mas também verbal, patrimonial e moral, todas abarcam a violência doméstica e machucam tanto quanto a física”.
Esclarece a Dra. Ana Paula que o homem que tem ciúme excessivo, não deixa a mulher usar determinada roupa, não pode sair com amigas, são atitudes que vão se agravando, porque depois vem a violência, ele se arrepende, vem as desculpas, ela termina perdoando, o agressor vê que ela não reage e muitas vezes podem resultar em casos mais graves.
Os homens com perfil de agressividade são sedutores e a mulher tende a voltar para esses lugares temidos, na esperança de que o príncipe encontrado na fase do namoro, retorne tal como era antes.
Ele começa a dar presentes para tentar convencê-la. E se alcança o seu intento, tais casos geralmente resultam em atitudes mais violentas, podendo chegar ao óbito.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Publicidade