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Nesta data é comemorado o nascimento de uma figura que foi marcante na comunidade de Santo Antônio da Patrulha: se vivo fosse, estariam sendo comemorados hoje 120 anos do nascimento de Juca Maciel, que também foi colaborador da FOLHA PATRULHENSE.
Para marcar a data, uma de suas filhas, a historiadora Vera Maciel Maciel Barroso. Por isso, nesta edição, que coincidentemente ocorre na data de seu nascimento, Juca Maciel recebe uma homenagem póstuma lembrando a figura desta pessoa ilustre que contribuiu sobremaneira para ajudar a escrever a história deste município:
No dia 11 de julho de 1904 nascia José Maciel Júnior – Juca Maciel –, o 2º filho do Cel. José Maciel e de Lucília Carolina Fettermann Maciel. A família residia na “casa do meio da rua”, bem no encontro da Av. Borges de Medeiros com a Rua Marechal Floriano e a subida da Rua Maurício Cardoso, e que foi demolida na década de 1960. Em parte do terreno desta casa, hoje está situada a residência do Dr. Aramis e família.
Seu pai governou o município entre os anos de 1894 e 1916, e ganhou homenagem nominando uma rua “da Vila”, a que fica em frente à Igreja Matriz e o Colégio Santa Teresinha. Aliás, é oportuno registrar, que muitos nomes das ruas de nossa cidade foram indicações dadas por Juca Maciel. Seguidamente, o saudoso seu amigo, o vereador Pedro Pacheco Fernandes ia ao Cartório com pedidos de nomes e currículos de personagens para batizar ruas.
Talvez os mais jovens não saibam quem foi Juca Maciel.
Nesta oportunidade em que recordo o seu nascimento, como sua filha e como historiadora do município, sobretudo, ao registrar traços de sua trajetória e sua íntima relação de amor com sua terra, tomei esta iniciativa, por defender que os antepassados devem ser lembrados e valorizados, independentemente de classe social, cor ou gênero, pois um município, um estado ou um país, não terá seu efetivo desenvolvimento, se os que viveram antes de nós, não forem lembrados e reconhecidos, pelo pouco ou muito que fizeram pelos seus espaços de vivência e trabalho, com seus acertos ou erros, pois com eles, as gerações atuais ao tomarem conhecimento, podem e devem aprender com aqueles que nos antecederam.
Juca Maciel foi cartorário de registrar imóveis, juntamente com a minha mãe Lucia Maciel, por décadas, sempre no mesmo endereço: na casa da Rua do Vinagre, nº 19, atual Rua Mal. Floriano, 378.
A partir de 1930, Juca Maciel iniciou no Cartório, casando-se com Lucia, sua prima, nascida na Catanduva, e residente em Taquara, em novembro de 1938, constituindo uma família com quatro filhos: Fernando José, Véra Lucia, Antonio Carlos e Ana Clara.
Paralelamente à sua profissão, durante à noite e nos finais de semana, muito pesquisou sobre a história do município, iniciando nesta tarefa que amava fazer, deste o final dos anos 1940. Seus textos passaram a ser publicados não só nos jornais locais, como em edições da Revista do Arquivo Público e Museu Julio de Castilhos, e na imprensa da capital, como no Diário de Notícias e no Correio do Povo, principalmente. No Correio, o saudoso jornalista e historiador Archymedes Fortinis publicou inúmeras reminiscências de Juca Maciel. Nas décadas de 1970 e 1980, jornais de Osório, Mostardas e Taquara deram guarida a trabalhos seus, e por ai em outros municípios. Foi um animador da Folha Patrulhense, comprando em torno de 50 exemplares do jornal, a cada semana, postando no Correio, para amigos e familiares residentes em outras cidades e Estados.
Para este ano, nós os filhos estamos preparando a 2ª ed. revisada e ampliada do seu livro, lançado em 1987, ano de seu falecimento, na ocasião com apoio fundamental, na editoração, do saudoso Frei Rovílio Costa, seu editor, e, no financiamento da obra, do então prefeito Dr. Onildo Raphaelli.
Como pesquisadora e historiadora, estou impressionada com a memória e a capacidade de investigação do nosso pai, em tempo que não havia “Google” ou “Wikipédia”, ou seja, a computação não tinha chegado, nem se pensava que em breve a pesquisa virtual seria a econômica possibilidade, em tempo e custo, de se obter os dados procurados.
Com humildade, e reitero, como historiadora, que Juca Maciel foi um patrulhense para além de seu tempo. Um extraordinário pesquisador, um historiador que desencavou, descobriu e revelou dados inimagináveis da rica história de nosso município. Não fora ele, muito pouco saberíamos sobre a história de Santo Antônio da Patrulha até a sua partida.
A ele rendo minha reverência, a minha gratidão e o meu reconhecimento público, pois muito me ensinou e segue me inspirando para continuar o seu caminho como historiadora que sou, com grande orgulho, mas que não chego, nem de longe, aos pés dele. Sua memória era de muitos gigabytes! Seu “faro” como pesquisador da história local e regional impressionava os seus amigos memorialistas de vários municípios do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros Na sua correspondência particular se encontram vários registros de consagrados historiadores do Rio Grande do Sul, parabenizando a ele por seu importante trabalho sobre o município patrulhense, como de municípios originários de Santo Antônio da Patrulha. Para citar alguns: Dante de Laytano, Arthur Ferreira Filho, Rui Ruben Ruschel, Lothar Francisco Hessel, Guilhermino César e tantos outros.
Nesta breve homenagem, me uno aos familiares todos, para agradecer aos que em vida o valorizaram, e aos que, após a sua partida, reconhecem o seu legado como patrulhense e como historiador.
“Quem não pode lembrar o passado não pode sonhar o futuro, e, portanto, não pode julgar o presente.” Walter Benjamim

Véra Lucia Maciel Barroso

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