Historiadora fala na Câmara sobre o aniversário de instalação do município e na homenagem às mulheres destaque

A historiadora Vera Lúcia Maciel Barroso proferiu palestra alusiva ao aniversário da instalação do município e à homenagem prestada a mulheres, que foram destaque por decisão dos edis de Santo Antônio da Patrulha.
“Proferi palestra tratando “dos aniversários” do município. Muitos perguntam: – afinal qual a data da fundação de Santo Antônio da Patrulha? A resposta que dou a esta pergunta é: o nosso município tem quatro datas fundadoras: – uma econômica; – uma religiosa (ou até duas religiosas); uma política (da criação do município); – e outra administrativa (da instalação do município)”, afirma a historiadora.
Vera Maciel explica: O ciclo do tropeirismo, através do comércio de mulas, trazidas dos criatórios situados no norte da Argentina, e levadas para a Feira de Sorocaba em São Paulo, onde os mineiros das Gerais iam comprá-las para animar o ciclo do ouro, promoveu a abertura de um caminho que passava pelo território que viria a ser o início do povoado de Santo Antônio da Patrulha. O Registro da Guarda Velha, situado na área do Campestre, a aproximadamente 6 km do centro histórico da cidade, era ponto obrigatório da passagem e pagamento dos impostos sobre as tropas muares; fora desse caminho, a partir de 1734, aproximadamente, os tropeiros estariam fazendo contrabando. A partir de então é que começaram a vir povoadores para a área, a exemplo de Inácio Mendonça e seu sogro Manoel de Barros Pereira, que dá nome à nossa lagoa.
Acrescenta nossa ilustre historiadora que “a Igreja chegou depois: 1º com a capela curada em 1760, que foi elevada à freguesia em 1763 (criação da freguesia é a condição levada em conta para a fundação de Porto Alegre em 1772, e não a de sua capela instalada em 1747). Ou seja, o primeiro limite de Santo Antônio é o de caráter eclesiástico como freguesia em 1763.
Na sequência, o 3º aniversário tem a data de 07 de outubro de 1809, quando Santo Antônio da Patrulha foi elevado a município, juntamente com Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre; é o nascimento político. Ou seja, no mapa político da então Capitania (hoje Estado do RS), o território de nosso município ficou com 34.184k², cobrindo a área nordeste, a que chamamos de Quadrante Patrulhense. Com as emancipações ao longo dos séculos XIX e XX, nesta vasta área nasceram 77 municípios derivados direta ou indiretamente de Santo Antônio”.
Prosseguindo em sua verdadeira aula sobre a riquíssima história de Santo Antônio da Patrulha, Vera Maciel Barroso salienta: “O 4º aniversário é o do início do poder administrativo, com a instalação da Câmara Municipal, em 03 de abril de 1811. A Câmara, então, foi o poder local do município até 1889, fazendo a gestão estendida ao Litoral Norte, aos Campos de Cima da Serra e Campos da Grande Vacaria, onde nasceu Lagoa Vermelha e grande número de municípios”.
Na palestra, a partir destes quatros aniversários, foram tratados os seus contextos e o significado de cada um.
Na sua explanação Vera Maciel destaca: “Sem dúvida, nenhum aniversário é mais importante que o outro; todos são, cada um a seu tempo. Mas esta é a ordem das primeiras efemérides de Santo Antônio da Patrulha.
Para além dos portugueses do continente e dos luso-brasileiros, açorianos como avulsos começaram a chegar na década de 1740, e os casais de número a partir da década de 1750, nesta área. E no século XIX, cerca de 10 povos europeus foram instalados no nosso município”.
E dirigindo-se especialmente aos estudantes, Vera Maciel afirma: “Os alunos do ensino básico e ensino médio têm o direito de aprender essa trajetória, enquanto primeiros tempos do município, mas não só, porque a história segue, como processo que transita até o tempo presente.
Na verdade, nosso município tem uma rica e multifacetada trajetória, o que bem mostram e demonstram as obras dos Encontros Raízes, ao longo de 30 anos, somadas aos quatro livros de Raizinha. Trata-se de uma caminhada de produção do conhecimento, envolvendo o Quadrante Patrulhense com 78 municípios, na perspectiva popular, onde todos os cidadãos, não importando sua condição social, titulação, gênero ou etnia, sempre puderam participar e publicar textos. Nesse sentido, Raízes faz educação para o passado, ou seja, Educação Patrimonial”, conclui a historiadora Vera Lúcia Maciel Barroso a respeito de sua palestra proferida em 04 de abril deste ano, a convite do presidente André Selistre, no plenário Euzébio Barth.

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