Na localidade de Alto Data residem algumas famílias que estão participando de uma atividade muito importante que tem como objetivo ensinar aos que moram no meio rural, como aproveitar muitas plantas, transformando-as em medicamentos para dar suporte à saúde atendendo assim a dois objetivos: primeiro, facilitar a que, para determinados males o morador possa encontrar com base nas plantas o medicamento certo, sem ter que se deslocar, muitas vezes por longas distâncias até um centro onde encontrar médicos e remédios, muitas vezes muito caros e que, se formos pesquisar, encontrará idêntica medicação com base na natureza. E em segundo lugar pelo fator econômico.
Na tarde de quinta-feira (31/10), a reportagem da FOLHA PATRULHENSE esteve no local para saber mais a respeito desta ideia que está chamando a atenção dos moradores.
QUEM ORIENTA
Por trás dessa louvável iniciativa está o professor Jacinto Diedrich, que se debruçou durante anos sobre ensinamentos de como aproveitar bem as plantas como remédios para os seus males. E ele faz isso sem cobrar nada como disse. Evidentemente que, para casos mais sérios, a recomendação sempre será a de procurar um médico ou profissional qualificado e, ao invés da compra do medicamento, buscar a solução nas plantas medicinais. E ao lado de Jacinto está a extensionista da Emater Márcia Sparremberg que por sua vez, em nome da entidade para a qual trabalha, também orienta as mulheres não apenas sobre a forma de como obter a medicação certa com base nas ervas medicinais, como também a produzir pães, bolos, cucas, bolachas e demais iguarias da cozinha rural, muitas vezes sem precisar ir a um mercado que geralmente fica longe de casa para adquirir o que é necessário para uma boa mesa. A casa pode perfeitamente ser sortida com o que é feito com produtos colhidos no próprio meio em que os moradores vivem.
OS MEDICAMENTOS
Líder na localidade, Cinara Teresinha Barcelos dos Santos já aprendeu muita coisa até agora desde que a ideia foi apresentada.
“O primeiro medicamento que nos ensinaram foi o arnique que é feito de álcool, alecrim, babosa e anador. Feito para fomentar (friccionar) contusões e até mesmo para sinusite. Feito também sob a forma de xarope para bronquite. Depois há também o óleo de angico vermelho, bom para intestinos e antialérgico. Há também o fortificante para memória feito com vinho, alecrim e mel. Outro medicamento serve para nervos, sendo feito com melado, vinho, cravo, canela e prego enferrujado (anemia). Dentre as pomadas há as próprias para rachaduras e como hidratante da pele, dentre outras. O chá de Espinheira Santa, ideal para estômago e gripe. Chá de malva (inflamação). Erva são joão (depressão). Chapéu de couro (usada para tratar diversas doenças, devido às suas propriedades anti-inflamatórias, antirreumáticas, diuréticas, depurativas e laxantes, artrite, artrose e reumatismo, problemas de estômago e rins, para doenças da pele, como furúnculos e dermatites, Problemas no sistema urinário, excesso de ácido úrico no sangue, inflamações de garganta e feridas).
Na culinária, Márcia da Emater ensina como fazer biscoitos de ora pro nobis, farinha de batata doce, pão de batata doce, sal temperado (pressão alta): É adicionado bastante tempero no sal, cebolinha, salsinha, alho, sálvia e açafrão.
PORQUÊ DECIDIU APRENDER
Explica Cinara que há dois anos e dois meses aprende essas receitas e as vem aplicando e quer saber ainda muito mais porque se entusiasmou desde que começou a aprender sobre o emprego das placas.
E por que ela decidiu aprender sobre a sua finalidade: é alérgica a remédios, inclusive para pressão. “Comentei com o Jacinto que já faz quase três anos que parei de tomar remédios desde que aprendi a utilizar os chás com plantas.” Para a pressão alta ela ensina: fazer um chá com a folha da bergamota é muito bom para equilibrá-la.
O idealizador do projeto está satisfeito com os resultados que vem sendo colhidos, desde que lançou a ideia com a família de Cinara naquela localidade.
Aos poucos outras pessoas foram se unindo à ideia, demonstrando muito interesse em aprender a utilidade das plantas.
Duas mesas estavam dispostas, uma na área da frente da casa com os medicamentos e pães, bolachas e outras receitas caseiras produzidos pelas pessoas interessadas
UM CAFÉ COLONIAL
Dentro de casa estava postada uma mesa com grande fartura em produtos para um café da tarde. “Tudo isso que você está vendo aqui é feito em casa, sem qualquer produto que tenha sido comprado”, disse orgulhosa dona Arací a dona da casa.
Com ela estavam José Lauri, Luciana Adam, o pequeno Davi de 9 anos, Valdir Adam (com deficiência visual, mas um grande acordeonista) e a esposa Teresa Melo. Depois foram chegando mais pessoas.
De acordo com Jacinto, este trabalho, em que ele presta orientações de forma voluntária, vai ter continuidade, haja vista os excelentes resultados que têm sido obtidos.