Formado há 10 anos em Fisioterapia, Tiago Hochmuller, natural de Porto Alegre, com especialização em Terapia Intensiva, é o profissional que atualmente atende pacientes da UTI e na Unidade de Internação do Hospital de Santo Antônio da Patrulha da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e que apresentam dificuldades respiratórias, necessitando de auxílio através da fisioterapia. Ele reside há sete anos neste município, onde é concursado pela Prefeitura, atuando no Posto de Saúde Central em reabilitação pós-Covid e no atendimento geral dessa especialidade.
O PROCEDIMENTO
Tiago afirma que esse procedimento (fisioterapia), pode ser relatado em três partes distintas: a primeira é quando o paciente precisa entrar em ventilação, apresentando um quadro de sofrimento respiratório, onde ele está com uma saturação baixa, que é quando o pulmão começa a não ter respostas. “É quando trabalhamos para evitar o agravamento das dificuldades respiratórias, através de alguns exercícios de respiração para evitar que ele seja intubado. Seria o principal enfoque na Covid hospitalar”. A segunda parte é quando o paciente que evolui para uma grande dificuldade respiratória e que é transferido para a UTI. “Nesse momento, passamos a efetuar todo um manejo na Unidade de Tratamento Intensivo. A fisioterapia trabalha essencialmente na resposta da retirada da ventilação mecânica. Junto com a equipe de médicos, enfermeiros e técnicos, trabalhamos no que chamamos de desmame, que é a retirada progressiva do tubo do paciente. São empregadas diversas técnicas conforme o médico vai reduzindo a sedação do paciente. Naquele momento, elaboramos um plano para a retirada do tubo até o momento em que ele recebe alta para a internação”.
O último ponto seria o paciente pós-Covid, quando ele fica com alguma sequela, principalmente respiratória. “Entra então a parte motora, porque dificilmente se consegue fazer alguma atividade nesse sentido com exercícios, devido à situação do paciente, porque ele tem um gasto energético muito grande que o fadiga muito rápido e ele cansa muito. Por isso, no pós-Covid, conseguimos fazer também a reabilitação motora desses pacientes, que é o caso recente do paciente Uilson Machado da Silva, o primeiro a ter alta da UTI em Santo Antônio”.
REAPRENDIZADO
Por ter a parte motora bastante debilitada, o paciente precisa passar por um reaprendizado utilizando andadores para voltar a caminhar e a partir dali para a reabilitação ambulatorial até que ganhe massa muscular suficiente, porque, conforme explica o fisioterapeuta, a Covid é uma doença essencialmente inflamatória, sendo um percentual muito pequeno de pacientes que evoluem para o tubo. Nesse processo, o trabalho é feito do menos grave ao mais comprometido, sendo o mesmo tipo de exercício de atividade. No entanto, tudo depende da carga viral que afeta o paciente”.
Existem técnicas respiratórias que evitam o agravamento da situação, havendo um percentual muito bom para se evitar o agravamento do problema, com um índice de sucesso muito bom.
LEITOS DE UTI
Referindo-se aos leitos de UTI no Hospital de Santo Antônio da Patrulha da Santa Casa, disse ter sido uma conquista para o município porque isso permite que os pacientes fiquem aqui tendo um atendimento de qualidade. Explica que muitas vezes o transporte de pacientes graves para outros hospitais termina agravando a sua situação. Também elogiou a renovação do contrato entre o Estado e a Santa Casa, disse ver como um ponto positivo: “O município precisa continuar tendo um hospital do porte e da qualidade que a Santa Casa representa para o município”, afirmou Tiago.
MENSAGEM
“A mensagem que gostaria de deixar a todos é sobre a importância do fisioterapeuta na comunidade e ainda mais nesses quadros de Covid, onde a nossa profissão ainda tem muito a crescer e mostrar o que é feito. Na UTI, é algo ainda muito recente e as pessoas não têm muita ideia do que é realizado e a importância que é devolvermos um familiar, um ente querido, para as suas famílias. Muitas vezes, a pessoa entra para uma UTI e o familiar não sabe o que está ocorrendo com ela e quem são os profissionais que ali estão, porque muitas vezes não se consegue devolver esse paciente à sua família. Nessa pandemia, houve um crescimento muito grande na nossa profissão e minha mensagem é no sentido de que as pessoas olhem mais pelo que o fisioterapeuta faz e que compreenda melhor todo o processo e a importância que a reabilitação faz na vida desses pacientes e de todas as suas patologias”, conclui o fisioterapeuta Tiago Hochmuller.