Conversando com a reportagem da FOLHA PATRULHENSE na noite desta terça-feira (24), Maria Izabel Pardim Gottardo afirma que o garotinho está mais tranquilo agora. Logo após a ocorrência do feminicídio, a família se preocupou em contratar uma psicóloga para dar a necessária assistência à criança.
“Ele já brinca com os primos e semana que vem estará voltando às aulas”, revela Izabel.
Às vezes – afirma a tia – ele fala no assunto, manifestando algumas dúvidas e se pergunta por que isso aconteceu com sua mãe, pois viveu com ela apenas nove anos.
“Mas temos que viver um dia de cada vez”, afirma ela, manifestando a convicção de que o menino tem o que define como um coração gigantesco.
Isabel teme que no futuro, quando entrar na adolescência, ele possa transformar este sentimento de perda em culpa do porquê ficou na peça ao lado brincando quando o fato aconteceu. “Mas digo para ele que foi um grande herói, tendo a coragem de chamar alguém para socorrer a mãe”.
ALMOFADA
Uma forma de deixar a criança sempre em contato com a mãe, foi mandar confeccionar uma almofada, tendo de um lado, uma foto da mãe com o menino e que ela gostava muito e do outro lado, uma frase de amor dela para seu filho. E entrando no quarto que era de Mara ela viu um dos seus perfumes preferidos e resolveu pingar algumas gotas para que o garotinho, ao adormecer, sentisse o perfume de sua mãe.
Isabel tem a convicção de que Deus ilumina a todos e a criança, para tentar diminuir a dor da saudade.
“Trabalho há 33 anos com crianças em escolas, inclusive de educação especial com jovens e adultos, vivenciando muitas situações e isso me dá a força necessária para ajudar meu sobrinho”, explica.
IMÃ
Um detalhe que chamou muito a sua atenção foi quando o menino pegou, dentre os pertences da mãe, um imã de geladeira, possivelmente doado por uma amiga de Mara e que é uma bonequinha. Com frequência ela o vê acariciando aquela bonequinha chamando-a de mamãe.
Mas, mesmo algumas vezes sendo surpreendida por algum pensamento de que tudo não passa de um pesadelo, Izabel demonstra muita fé, afirmando que só Deus é que tem o poder de ajudar a todos para superar esta separação traumática. “A fé é fundamental,” finaliza Maria Izabel Pardim Gottardo.