Sr. Prefeito Zaffalon, a militância do MDB merece respeito incondicional!
Na condição de presidente do MDB de Gravataí, coordenador da sua campanha, presidente da Câmara e líder do governo nos primeiros dois anos e cinco meses da sua gestão, tive a responsabilidade de coordenar a base política de sustentação na Câmara. Com isso, garantimos a aprovação de matérias relevantes, como a última fase da reforma da previdência e todos os demais projetos de leis que garantiram o cumprimento das metas estabelecidas no nosso projeto de cidade, implantado pelo ex-prefeito Marco Alba, através dos PPAS 2014/2017 e 2018/2021.
O compromisso sempre foi de continuidade desse projeto, motivo da escolha, pelo MDB, da sua candidatura para prefeito nas eleições de 2020. Tendo em vista a sua saída do partido, no início de maio do corrente ano, comunicado via Zero Hora, na página da colunista Rosane Oliveira, e a partir de todas as mudanças que vêm acontecendo para a nova composição política do governo, até então liderado pelo MDB, passo a expor o que segue.
Em 2020, nos seus 67 anos de vida, Sr. Prefeito Luiz Zaffalon, boa parte desse tempo ocupando cargos públicos confiados pelo MDB, o senhor era um agente político sem voto. Tinha méritos técnicos, mas nunca havia ombreado com a militância de rua. Convém lembrá-lo – a Sociologia que o senhor diz ter estudado explica isso – de que o espírito de uma democracia representativa reside na capacidade de mobilização de um partido político, trabalho esse feito por militantes. Tarefa que se torna ainda mais difícil e árdua quando, como foi no seu caso, o desafio é apresentar e defender um ilustre desconhecido em disputas de voto.
Talvez os fatos de hoje ajudem a entender porque até 2020 nunca havia lhe sido dada a oportunidade de concorrer. Justamente porque eleição é um pacto de palavra empenhada. É coisa para homens honrados e lição de casa, de boa educação. Esta é a única explicação razoável para o fato de o Senhor, hoje, estar retaliando e expurgando do governo aqueles que o elegeram. No lugar desses, chama antigos adversários políticos seus e do MDB, em uma total inversão de valores.
Em resposta à colunista política de Zero Hora, que o denominou de “poste”, sua alegação é de que estaria saindo do MDB para que o debate político ficasse de fora do governo. Mais uma vez o Senhor deu provas de que o empenho da palavra não é o seu forte. Em verdade, desde então, todos os seus movimentos são exclusivamente no sentido de garantir que o Senhor seja candidato à reeleição. Em nome disso, passa por cima daqueles que o ajudaram. Desrespeita e assedia moralmente, cobrando lado político, pessoas que sempre cumpriram com suas responsabilidades.
O Senhor, hoje, pode sim estar à frente de um governo que tem legalidade, mas que prescinde de legitimidade. O arranjo e as acomodações políticas que o senhor tem feito, em favor de um projeto pessoal de candidatura, descaracterizaram por completo a ideia de um governo de respeito e de valor que havíamos apresentado aos eleitores. Em meio aos seus movimentos de busca por partido e por aliados de ocasião, os emedebistas, assim como a bancada de vereadores na Câmara, seguiram sendo leais e responsáveis pelo projeto vencedor que implantamos em 2013, sob a liderança do ex-prefeito Marco Alba, com o qual o senhor assumiu, perante os eleitores de Gravataí, o compromisso de manter e dar continuidade àquele modelo de comportamento político, de gestão e do governo.
A ingratidão política, Senhor Zaffalon, tem um dano muito maior, para além de eventual prejuízo aos traídos. Ela, a traição, golpeia o processo político, nos faz retroceder no esforço de construção de uma política séria, em que a ética e a palavra empenhada são valores inegociáveis. Por isso, Senhor Prefeito, é que a política é do campo das ciências humanas, porque se movimenta e é feita por gestos humanos.
A militância do MDB segue altiva, firme nos seus propósitos de luta e de valores. A sua trajetória, Senhor Prefeito, está sendo escrita em uma das páginas mais tristes e nebulosas da história política do Município, cujo retrocesso político, com as práticas do toma-lá-dá-cá, iguais às de Brasília, que senhor vem implantando e afirmou em reunião da sua nova base ser “normal”, tudo isso, prefeito, seguramente comprometerá o crescimento e o futuro da nossa cidade, pois não é aceitável tamanho recuo político depois de todos os avanços e conquistas que promovemos em nossa cidade.
Diante do exposto, venho lhe informar que fique à vontade para continuar agindo e tomando as decisões ao seu modo, como tem sido desde maio, com relação às ocupações dos espaços pela brava e responsável militância do MDB. Militantes e ex-companheiros seus de partido que hoje são alvo de retaliação, perseguição e exoneração sem motivação justa. Suas razões, e isso tem sido dito aos demitidos, são de ordem política; e na maioria das vezes, de forma covarde, comunicando por meio de WhatsApp, pois lhe falta coragem para olhar nos olhos de pessoas humildes, que fizeram parte da valorosa militância que o elegeu prefeito de Gravataí.
Como não é do seu feitio o diálogo e o cumprimento da palavra, preferindo se comunicar por WhatsApp, informando a decisão tomada ou convocando para reuniões cujas decisões também já estão firmadas, não há por que nos reunirmos. Respeite o MDB, Senhor Prefeito!
Atenciosamente,
Alan Vieira
Presidente do MDB de Gravataí