Entre os dias 22 e 24 de agosto, Santo Antônio da Patrulha (RS) sediou a Operação Azimute – um curso intensivo de formação para líderes dos Ministérios de Desbravadores e Aventureiros da região central do Rio Grande do Sul – reunindo cerca de 160 participantes entre equipe e alunos. A proposta foi preparar adultos que atuam com crianças e adolescentes a conduzi-los em experiências ao ar livre com segurança, propósito e espiritualidade, tudo isso a partir do itinerário do curso. “Queremos líderes que respirem a missão no cotidiano, saibam lidar com intempéries e levem os pequenos a conhecer o Criador na criação”, sintetiza o pastor Marlon Bruno, responsável pelos clubes das duas áreas no território.
A programação, realizada no Centro Adventista de Treinamento e Recreação (Catre) Campestre, combinou aulas de identidade e fundamentos de fé adventista – que explicam a razão de ser dos clubes e como a espiritualidade orienta a educação – com orientações sobre unidade, cumprimento do currículo de liderança e práticas de campo.
Na parte técnica, o instrutor e vencedor de um reality show de sobrevivência extrema do canal pago Discovery Channel, Tito Chagas, ministrou conteúdos sobre bushcraft, como abrigo natural e fogo primitivo, ao lado dos instrutores Fernando Hermes e Cristiano Silva, destacando conexão responsável com a natureza. “Falamos sobre a importância de se conectar a floresta, sobre os lindos valores que aprendemos na busca pelo fogo primitivo e a importância de adaptação aos biomas na hora de construir um abrigo natural. Foi realmente um final de semana como deveria ser: cheio de aventuras, desafios e oportunidades abençoadas pelo Criador. Também fomos muito bem recebidos e nos confraternizamos com todos de forma muito especial e encantadora”, avaliou o fundador da escola Tito Extreme Survivor.
As atividades do curso também incluíram trilha noturna, um momento de reflexão profunda em torno de uma fogueira acesa – conhecida como “fogo do conselho” – e também o preparo de comidas mateiras. Enquanto tudo isso ocorria, o refeitório do evento, mantido pela equipe da Cozinha da Mis, garantiu alimentação nutritiva a quem esteve no local. O encerramento integrou treinamento de ordem unida e síntese dos aprendizados.
Chuva que vira sala de aula
Apesar de a chuva não ser ideal para este tipo de treinamento, ela não deu trégua. Ainda assim, durante todo o fim de semana, a condição climática adversa foi adaptada às atividades como parte do aprendizado. Para a gestora do evento, Monique Cabral, o clima expôs na prática a importância do planejamento e do equipamento adequado, sem interromper a programação. Ela explica que a proposta pedagógica prioriza desafios pessoais — reconhecer medos, testar soluções e fortalecer a cooperação. Em sua fala pública de encerramento, Monique relatou que inicialmente orou a Deus para que parasse a chuva, mas entendeu a precipitação como oportunidade de crescimento: aprender a montar barraca corretamente, revisar materiais e preparar os líderes para orientar crianças também em condições adversas. “Não é só sobre a chuva; é sobre cuidar das crianças e viver a missão”, resumiu.
A experiência também marcou quem está na ponta do trabalho com os juvenis. A desbravadora e coordenadora distrital Elaine Wottrich destaca como pequenos gestos constroem grandes líderes. “Um aperto de mão e a pergunta ‘vocês estão bem?’ São coisas que já me dizem muito. Voltei com o coração aquecido pela atenção da organização, pela escolha dos temas e pela qualidade das palestras”, celebra. Para ela, o encontro de lideranças também ajudou a clarificar um ponto sensível e específico sobre o contato com as novas gerações. “Fiquei encantada com os temas e abordagens fortes dos palestrantes pois, muitas vezes, não estamos preparados para lidar com o universo digital que invade a mente dos nossos juvenis e adolescentes – com tantos aplicativos modernos e, inclusive, jogos nocivos que vão ganhando espaço. Foi preciso aprender sobre como acolher, agir e cuidar”, destaca Elaine.
Além das aulas e vivências, o curso contou com exposição de materiais de bushcraft e venda orientada de itens específicos. O cuteleiro Michel Monteiro apresentou uso responsável, conservação e fabricação de facas e machados. Os líderes também tiveram acesso a materiais das duas áreas através de fornecedores, como o Gautério.
Com o encerramento, a organização reafirmou a proposta do curso — integrar fundamentos, vivências de campo e cooperação para atuação segura com crianças e adolescentes, inclusive em condições climáticas adversas. “Nossa meta é que cada líder volte para casa com ferramentas concretas e um coração ainda mais disposto a servir”, conclui.
Fonte: Igreja Adventista do Sétimo Dia