A partir de hoje o Rio Grande do Sul, através da Moenda da Canção, recebe a pluralidade musical feita no País. Mais do que isso, o festival realizado em Santo Antônio da Patrulha que chega a sua 37ª edição une música e solidariedade em prol da cadeia produtiva artística atingida pela enchente de maio.
Desde o início do mês de junho a Moenda somou esforços em parceria com o coletivo RS Música, que reúne mais de mil artistas e trabalhadores da cultura, para angariar doações. Nos três dias de evento no Ginásio Caetano Tedesco, pontos de coleta estarão montados arrecadando donativos para aqueles que ainda necessitam de ajuda. Além disso, na transmissão do festival nas redes sociais será disponibilizado o QR Code para contribuições financeiras ao coletivo. “A cadeia produtiva da música viveu na enchente o temor da paralisação, das perdas, vista na pandemia. Aqui em Santo Antônio da Patrulha fomos abençoados e ao contrário de centenas de municípios, não fomos atingidos por esta tragédia que ainda assola boa parte da população do Estado. Era nossa obrigação realizar a Moenda, de forma solidária, pois muitos dos nossos irmãos de arte ainda precisam de ajuda”, ressalta Nilton Júnior, músico e presidente da Moenda – Associação de Cultura e Arte Nativa.
O festival reúne quase 300 profissionais da música no palco e fora dele. Pessoas que trabalham na sonorização, iluminação, segurança, limpeza, sem contar a movimentação na cidade em hotéis e restaurantes, entre outros que tem na Moenda um dos grandes eventos do Estado.
Do seu palco saíram clássicos da discografia da música regional gaúcha como Dança dos Trigais, de Beto Barros e Sergio Rojas, interpretada por Eraci Rocha e o próprio Rojas, Milonga Abaixo de Mau Tempo, de Mauro Moraes, interpretada por José Cláudio Machado, O Festival, de Fernando Corona, interpretada por ele, Neto e Ernesto Fagundes, entre outras. Na edição do ano passado a toada João Craque de Bola, de Raphael Madruga e Luis Fernando Bender, na interpretação de Raphael Madruga foi a grande vencedora, em um relato comovente do menino que sonhava ganhar o mundo, mas que teve seu destino destroçado pela epidemia de crack.
PROGRAMAÇÃO
Hoje (9) ocorre a abertura oficial da Moenda com a realização da 3ª Moendinha voltada aos jovens talentos. Divididos em duas categorias, mirim (08 aos 12 anos) e juvenil (13 aos 17 anos), oito intérpretes sobem ao palco para defender composições do acervo da Moenda em busca do troféu Pé de Moleque.
Na mesma noite acontece a Moenda Instrumental em sua 13ª edição reunindo os grandes nomes do gênero que trazem ao palco choro, zamba, frevo, baião e milonga.
Antes da premiação da Moendinha, e do anúncio das classificadas da Moenda Instrumental, o público irá prestigiar o show de Duca Leindecker, um dos grandes nomes do pop rock nacional, que iniciou sua carreira artística aos 13 anos, tocando na noite de Porto Alegre. Aos 18 formou a banda Cidadão Quem e com ela gravou sete CD’s e 1 DVD e fez mais de mil apresentações pelo país, inclusive na Moenda, com Pouca Vogal, projeto com Humberto Gessinger.
No sábado (10), 14 composições participam da eliminatória que classificará 10 para a finalíssima de domingo, juntamente com duas vindas da eliminatória da Moenda Instrumental. São músicas vindas dos mais diversos municípios do Rio Grande do Sul – Lajeado, Santo Augusto, Santa Maria, Canoas, Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Santiago, São Lourenço, Osório – além de estados como São Paulo, Goiás e Santa Catarina, em uma diversidade de ritmos e sotaques que é uma das principais características que compõem o mosaico musical da Moenda.
No show de intervalo, o Grupo Chão de Areia e convidados trazem para o público sucessos que passaram pelo palco do festival. Mário Tressoldi, Chico Saga e Flávio Júnior fazem um resgate da viola do sul do Brasil e acumulam premiações em diversos festivais de música nos estados do sul e sudeste do país nos seus 22 anos de trajetória.
Nei Lisboa, um dos mais prestigiados artistas da cena musical gaúcha com doze discos lançados ao longo de quatro décadas de trabalho, é a atração da última noite de Moenda. No setlist não faltarão os sucessos de todas as fases da carreira, como Telhados de Paris, Pra te Lembrar, Romance, Faxineira e Cena Beatnik, entre muitas outras, executadas no palco por Nei (violões e voz), Paulinho Supekovia (guitarra), Luiz Mauro Filho (teclado) e Giovanni Berti (percuteria).
O show antecede a premiação a cargo do júri composto por Andrea Perrone, Cristian Camargo, Simone Rasslan, Tadeu Martins e Zebeto Corrêa. A 37ª Moenda da Canção, 13ª Moenda Instrumental e 3ª Moendinha tem patrocínio de DaColônia Alimentos Naturais, DeMello e Arroz Massulo, realização da MOENDA Associação de Cultura e Arte Nativa -, produção de R.Morais Produtora e JBA Produções Culturais e financiamento do Pró-cultura – Governo do Estado do Rio Grande do Sul – O Futuro nos Une.
MOENDA NAS ESCOLAS E OFICINAS
Proporcionando a aproximação da Moenda do público infanto-juvenil, e formando uma nova plateia para o festival, o projeto Moenda nas Escolas é exemplo para iniciativas em outros eventos similares. Liderado há sete anos por Débora Ramos, professora e vice-presidente da Associação Moenda, neste ano ele contará com três escolas onde alunos irão realizar desenhos e conhecer canções que estão concorrendo no festival. Os trabalhos são expostos no ginásio municipal para conhecimento do público. Ao longo deste período mais de mil alunos participaram do Moenda nas Escolas.
Na semana da Moenda duas oficinas serão realizadas em escolas e instituições do município com o poeta e compositor Gujo Teixeira e o percussionista e educador musical Marquinhos Molinari.
O FESTIVAL E SUA HISTÓRIA
A história da Moenda começa em 1978. Neste ano, durante um congresso tradicionalista, surgiu a ideia de criar um festival de música nativa na cidade. O projeto foi concretizado alguns anos depois, quando, em agosto de 1987, nasceu oficialmente a Moenda da Canção Nativa (Moenda – Associação de Cultura e Arte Nativa), transformando-se em uma novidade dentro do cenário dos festivais. Afinal, aos poucos, foi se observando que o Litoral Norte tinha algo diferente na musicalidade do Rio Grande do Sul.
A descoberta de novos sons e melodias garimpadas e pesquisadas pelos músicos fez ressurgir no palco a música e o folclore regional, resgatando elementos das tradições Afro e Açoriana. A partir da 9ª edição, já sem o rótulo de Nativa, a Moenda da Canção dá um importante passo na cena musical brasileira e sul-americana: abre-se para todos os ritmos e melodias e torna-se, assim, um festival com espaço para a liberdade de expressão e para o ecletismo, sem preconceitos e pioneiro para o experimentalismo.
Foi pioneira no estado ao criar a Moenda Instrumental, dando também oportunidade para os músicos instrumentistas apresentarem suas composições. Atualmente, a Moenda é um dos maiores festivais de música do Rio Grande do Sul.
O que: 37ª Moenda da Canção, 13ª Moenda Instrumental e 3ª Moendinha.
Quando: 9 a 11 de agosto.
Onde: Ginásio Caetano Tedesco – Santo Antônio da Patrulha – RS.
Quanto: Entrada franca.
Horário: Sexta e sábado – 20h – domingo – 19h.
Saiba mais: https://moendadacancao.com.br
Conteúdo: Fernando Maguari – Jornalista MTB 11635 – Equipe Comunicação Moenda da Canção – 55 99152-5380.