As doações surgem de todos os lados. O mínimo que alguém doa, é o muito que falta para quem perdeu tudo, ou quase tudo.
Cristiane Moraes é uma das muitas pessoas que praticamente se dedicam totalmente à esta nobre causa para ajudar os desalojados.
Conversando com a reportagem da Folha Patrulhense, ela que tem uma corretora de seguros, entre um momento e outro e sem deixar de lado as preocupações com a família, dando instruções à pessoa que fica em casa cuidando do dia a dia, orientando-a a levar o filho ao médico por não estar bem de saúde, relata como tudo começou:
O COMEÇO
“A ideia do projeto Marmitando Tchê surgiu de uma visita que realizei na ULBRA de Canoas onde vi a montanha de alimentos que não estavam cozidos e necessidade de marmitas prontas. Ali são aproximadamente 7.000 pessoas alojadas. E há apenas oito chuveiros para todos. Faltam também banheiros químicos que são poucos.
E algo que me emocionou muito foi quando vi mães deixando de comer para passar marmitas para seus filhos.
Conversei com o César do Patrulha do Rio Grande para termos uma parceria para cozinhar e levar marmitas prontas”.
DEMANDA NA ULBRA
Na ULBRA a demanda é de 6 a 7 mil marmitas por turno de almoço e igual número por justa. E só há um restaurante fazendo a comida. Há pessoas de outros municípios fazendo a mesma coisa: levando marmitas prontas. Imediatamente decidi tomar a iniciativa de também levar alimentação para quem, nem de um fogão dispõe para fazer as refeições.”
O PREPARO DAS REFEIÇÕES
Cristiane Moraes explica que é aberto o cardápio, que geralmente é montado com o que existe. “Para que todos tenham uma ideia, até agora ganhei um boi carneado e com a carne já moída. E quando peço algum recurso em dinheiro é para comprar outros ingredientes que estão faltando”.
COMO SÃO MONTADAS AS MARMITAS
No CTG, qual uma colmeia humana, trabalham vinte pessoas por turno e todas voluntariamente. O único custo é de dinheiro para a gasolina do motorista que vai fazer o frete, levando as marmitas para a ULBRA, que geralmente é feito por um empresário local. Cristiane tem também o apoio da Luciana e da Larissa Terra da Quintas da Barão que produzem alimentação junto o grupo.
Nesta terça-feira, depois que começou o envio de alimentação para a ULBRA, pela primeira vez foram enviadas 1.500 marmitas. Porém deve ser mantida uma média de 1.000 a 1.300 diárias, porque para os organizadores na ULBRA, o que está sendo enviado pelo grupo organizado por Cristiane é fundamental para a alimentação dos que ali estão abrigados. E não falta quem queira doar alimentos para integrar o cardápio montado por ela.
“Não há como definir por quanto tempo isso vai demorar. Enquanto houver pessoas sofrendo, estaremos ao seu lado tentando minimizar a dor de ter perdido tudo e pior ainda: ter perdido familiares na tragédia.
Me sinto realizada e feliz com o pouco que faço para ajudar estas pessoas”, conclui.
As fotos documentam o trabalho diário que está sendo feito no CTG Patrulha do Rio Grande, cujas dependências foram cedidas gratuitamente e inclusive com o apoio dos próprios sócios do CTG que vão ao local para também ajudar.
AGRADECIMENTO
Cristiane Moraes está muito sensibilizada e agradece a todos que, de uma forma ou de outra, estão contribuindo para ajudar às milhares de pessoas que continuam sofrendo, não sabendo se, ao baixarem as águas, ainda encontrarão suas casas e em que estado ficaram as que escaparam à fúria das águas.
Por fim, ela diz demonstrar gratidão para com o grupo de cozinheiros que atua gratuitamente e destaca dentre eles, o Reginaldo, que demonstra ser um profissional de mão cheia.
“Que Deus recompense a todos!”