Bem que a maioria da população se recusasse a acreditar, mas infelizmente a previsão se confirmou e pior do que fora anunciado.
A previsão da meteorologia de que o município passaria por uma forte precipitação pluviométrica se confirmou, mas muito acima do que os termômetros da meteorologia previam.
Tivemos um temporal como nunca antes visto, causando enormes prejuízos, desalojando pessoas e colocando nas ruas um grande contingente de militares e civis que se uniram para socorrer a quem teve prejuízos, uns de pouca monta, mas outros de grande vulto, tanto em residências como em estabelecimentos comerciais.
Uma chuva torrencial em pouco tempo elevou o nível dos rios, arroios e riachos, atingindo marcas bem superiores ao que geralmente acontece em tempos de instabilidade climática.
Isso causou pavor à população, que aumentou à medida que as águas subiam e entravam nas residências, destruindo pertences em questão de poucos minutos, se espalhando pelas ruas e campos.
RUAS SOB UM MAR DE ÁGUA E LAMA
Nas ruas os motoristas foram surpreendidos pela elevação máxima do nível das águas, fazendo com que muitos carros parassem por problemas mecânicos.
Nas residências, eletrodomésticos, móveis e roupas em pouco tempo foram inutilizados causando grandes prejuízos aos seus proprietários.
Não houve loja que não tenha sido invadida pelas águas. Os proprietários que não tinham seguro, sofreram enormes perdas, porque a água encharcou medicamentos, tecidos, confecções e calçados.
COMÉRCIOS ATINGIDOS
Na loja Pompéia a água entrou molhando todos as roupas que estivessem à sua passagem já que o nível atingiu meio metro de altura.
A gerente Catia Fagundes afirma que nunca tinha visto nada parecido em seus 15 anos de loja.
“Não havia como entrar para verificar os danos porque simplesmente não tinha como chegar. Pela manhã cedo, a visão era desoladora: barro por todo o lado. A água, em alguns locais ficou represada e para trabalhar, os colaboradores tiveram que ter muito cuidado, porque a lama tornava o chão escorregadio. Mas o socorro da empresa foi rápido e vários colaboradores foram enviados pela matriz, substituindo o que foi danificado por novas peças de roupas.”
Catia elogia a presteza com que seu pedido de socorro foi atendido.
No sábado, a loja abriu para aquelas pessoas que precisavam comprar novas peças de roupa, já que as que possuíam foram dadas como perdidas.
Quanto aos prejuízos, ela afirma que eles ainda estavam sendo contabilizados.
Na loja Mundi A Primavera, o empresário Valdeci Lino da Cunha afirma que os prejuízos ainda não foram contabilizados, mas acredita serem muito grandes já que os calçados que estavam em locais mais junto ao piso foram danificados pela água que entrou pela frente, saindo pelo acesso lateral. Ainda durante a madrugada os colaboradores foram para o seu local de trabalho ajudar na limpeza e retirando o material encharcado.
Valdeci conta que esta é a quarta vez que a loja é atingida por inundações.
O empresário relata que tão logo foi informado do que estava acontecendo, rumou com sua caminhonete para o centro para conferir a extensão dos prejuízos.
Mas já na altura do restaurante DaColônia viu que não conseguiria ir mais adiante. “Aguardei por cerca de uma hora, até que passou um caminhão e com a velocidade em que estava abria um sulco d’água por todos os lados. Foi quando aproveitei a esteira líquida e consegui chegar na loja estacionando ao lado da farmácia”, relembra.
Outras lojas como a Casa das Bolsas, a Monjuá, Dois Irmãos, as Farmácias do entorno, Mania de Loja, as demais lojas, incluindo as do Pátio Urbano, Paulão Móveis, KiSapato, bem como as demais, tanto de um lado como do outro da Francisco J. Lopes, foram atingidas umas com maior, outras com menor intensidade.
Na Rua Santo Antônio que fica à margem do canal de Pitangueiras, praticamente todos os estabelecimentos comerciais foram atingidos.
SOCORRO
Mas a reação foi imediata. Ainda durante os momentos críticos, da tempestade, Corpo de Bombeiros Militar, Bombeiros Civis, Defesa Civil, jipeiros e a prefeitura se mobilizaram porque anteviam que muitas famílias iriam necessitar do socorro para saírem de suas casas, uma vez que as águas subiam com muita rapidez.
Nos locais que se tornaram mais críticos, muitos saíram apenas com a roupa do corpo, porque não havia tempo para salvar os seus pertences, com isso perdendo móveis, eletrodomésticos e roupas.
SOLIDARIEDADE
De outra parte, a resposta da população foi imediata e emocionante com milhares de peças de roupas e até mesmo alguns móveis, eletrodomésticos, colchões, travesseiros, alimentos, água e velas, porque muitas famílias ficaram privadas de água e luz em várias localidades de Caraá.
Nesta edição estamos procurando relatar alguns fatos ocorridos tanto em Santo Antônio, como em Caraá, município que sofreu de forma dramática a tempestade violenta que levou tudo pela frente, transformando aquele município numa região de pavor, onde pessoas perderam a vida por não conseguirem se salvar a tempo.
Cercada por rios, Caraá é um dos municípios mais atingidos
As características topográficas do município chamam atenção: apesar de pertencer ao Litoral Norte, Caraá está localizado aqui ao lado de Santo Antônio da Patrulha, entre a serra gaúcha e o litoral, em um território com características de vale e cercado por rios, incluindo a nascente do Rio dos Sinos e o Rio Caraá. A cidade também tem relevo acidentado, com encostas e cascatas especialmente próximo ao limite com Riozinho.
Para o professor Francisco Eliseu Aquino, Chefe do Departamento de Geografia da UFRGS, a topografia e a geografia dessa região contribuíram para o aumento da água de forma acelerada.
“A localização de Caraá contribuiu para o desastre. A chuva extrema que ocorreu na região tem escoamento facilitado e acelerado nas encostas e vales. Quando o volume de água chega em Caraá, com cerca de 40 metros de altitude, encontra uma planície e, por isso, inunda”, explica Aquino.
O município emancipado há 27 anos tem 8.426 habitantes.