Piquete de laçadores, tradicionalistas e criadores de cavalos de Santo Antônio da Patrulha estão preocupados com a possibilidade do mormo ultrapassar as fronteiras do Rio Grande do Sul e chegar até o município. O motivo é a descoberta, no dia 2 de junho, de um foco da doença, inclusive com a morte de animais, na cidade de Rolante.
Representantes da categoria estiveram na noite de segunda-feira (29), na reunião ordinária da Câmara, com o propósito de apoiar o requerimento encaminhado pelos Vereadores solicitando o agendamento de audiência pública com o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, para tratar sobre o assunto e medidas para auxiliar no custeio de exames. O ofício também foi destinado ao secretario municipal da Agricultura, Dirceu Machado. O havia sido levantado pelos vereadores João Luis Bacana (SD) e Jorge Eloy (PTB).
Causada por uma bactéria que ataca, principalmente, o sistema respiratório, o mormo é uma zoonose e não tem cura. O veterinário e fiscal agropecuário da Inspetoria Sanitária de Santo Antônio, Marcelo Simon, ressalta a importância do sacrifício do animal, quando diagnosticado o mormo, por conta da rapidez de contágio, incluindo a transmissão a outros animais e humanos.
Com a notificação da doença, a Secretaria do Estado de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul publicou instrução normativa que torna obrigatória a apresentação de exame negativo de mormo para transporte de equinos e participação em eventos com aglomeração. Aliás, a obrigatoriedade e os custos veem sendo uma das reclamações dos patrulhenses. O exame, realizado com a coleta de sangue dos animais, mandado para análise, gira em torno de R$ 250 por equino. “É necessária a realização do teste para que haja um mapeamento dos casos e se evite uma epidemia”, argumenta o veterinário.
Segundo ele, está é a primeira confirmação da doença infectocontagiosa em território gaúcho. O contágio do animal em Rolante está sendo investigado, porém, o trânsito irregular é a hipótese mais provável. “A propriedade está isolada e já foram feitas as coletas de sangue dos animais”, afirmou Marcelo, revelando que mais cinco propriedades da região estão passando pelo mesmo procedimento.
Apesar da resistência em pagar a quantia para realização do exame, o veterinário alerta que a emissão da Guia de Transporte Animal (GTA) está vinculada ao teste. Além disso, é vedada a participação de equinos em eventos de aglomeração, no estado, sem o resultado negativo. “Os laçadores e criadores precisam ter a consciência de que se trata de uma doença grave e que precisam ser tomadas as precauções para evitar a sua disseminação. Além do cadastro do animal na Inspetoria, das vacinas, como a influenza e a anemia, este exame é fundamental”, enfatizou.
Abaixo, a nota emitida pela Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária:
“Tendo em vista a detecção de um equino positivo para Mormo no município de Rolante, no Vale do Paranhana no Rio Grande do Sul, a Coordenação Estadual do Programa Nacional de Sanidade de Equídeos, da Divisão de Defesa Sanitária Animal do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA), com objetivo de sanear o foco e impedir a disseminação da enfermidade, está adotando as medidas de defesa sanitária animal em consonância com as ações de prevenção e controle de Mormo, previstas na Instrução Normativa nº 024 de 05/04/2004, publicada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA.
Mormo é uma enfermidade de equídeos que causa febre, úlceras na mucosa nasal, descarga nasal purulenta ou sanguinolenta, abscessos nos linfonodos e dispnéia. É uma das doenças de Notificação Obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial conforme a Instrução Normativa/MAPA nº 50 de 24/09/13, doença infecciosa que acomete equídeos e trata-se de importante zoonose.
Portanto, toda suspeita de mormo deve ser notificada imediatamente a SEAP, através de suas Inspetorias de Defesa Agropecuária para que sejam adotadas as medidas sanitárias pertinentes.
Em caso de dúvidas o produtor ou criador pode consultar a IDA de seu município, a lista com as IVZ responsáveis pelos municípios com telefone e endereço está disponível no site da Secretaria da Agricultura e Pecuária”.
Gabriela Gomes